Jesus! O verbo que se fez
carne. O sopro do Espírito Santo que se fez homem através do útero de Maria Imaculada.
Processo inusitado que transforma a comunicação de Deus com a sua
criação.
Porque desta transformação? O
Messias, esperado pelo povo escolhido, na verdade quando chegou veio para os
esquecidos. Transformou-se em símbolo de transformação. Valorizou os pobres de
espírito, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os
misericordiosos, os puros de coração, os pacificadores, os perseguidos, os que
crêem. Valorizou as mulheres, as viúvas, as crianças, os pobres. Valorizou os
pecadores, as prostitutas, os arrependidos. Valorizou a todos os que faziam a
vontade do seu Pai que estava no céu. A fé era a forma de os unir a Ele. E pela
fé chegava-se à única cura ofertada, a cura dos pecados.
Escolhas! Escolhas
transformaram nossa história em ato de amor. Amor que é paciente, bondoso, não
inveja, não se vangloria, não se orgulha, não maltrata, não procura seus
interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor que não se alegra
com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Amor que tudo sofre, tudo crê,
tudo espera, tudo suporta. Amor fruto de
um diálogo com a humanidade onde o Pai se identifica definitivamente na
presença do Filho Luz. Luz que veio tirar-nos das trevas e nos colocar no
caminho da salvação.
Ó Jesus, Tu que nascestes em
uma manjedoura para mostrar a humanidade que de nada valia o ouro e riquezas
materiais. Que mandou-nos vender tudo e dar aos pobres para depois segui-lo. Que
chorou, e sentiu dor, e foi lacerado. Será que fizemos algum sacrifício por Ele?
Será que somos capazes de nos doarmos por Ele? De nos desfazermos de todos os
maravilhosos prazeres que a vida nos oferece para nos entregarmos à Sua caminhada.
Será que somos capazes de levar a sua cruz?
Levanta! Segue-me!
Palavras pronunciadas para
nós, que estamos ainda perdidos nas preocupações do ter. Ter! esta é a única
palavra de ordem que conseguimos ouvir na caminhada neste mundo de provações.
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça! Ele nos fala, nos escuta... E nós, até agora,
somente aprendemos a falar, não a escutar.
O que Deus nos fala neste
diálogo de Pai? Neste amor que se faz graça e frutifica como Unidade de uma
Trindade Santa? Neste dia de hoje, que anualmente se repete, para nos chamar a
atenção, para nos levantar, para nos propor a andar, a segui-Lo. Para nos
mostrar um caminho de Luz...
Jesus veio ao mundo pelo
útero de Nossa Senhora. Poderia ter vindo de muitas outras formas, mas Deus
queria que o Seu filho fosse humano como nós e que sofresse todos os nossos
sofrimentos e nossas dores. E Ele sofreu muito mais do que isso. Sofreu e ainda
sofre o esquecimento. Todos o esqueceram e o abandonaram no dia do seu
julgamento perante Pilatos. Todos o esquecem no seu dia a dia. Continuamos a
esquecê-Lo e julgá-Lo, e condená-Lo hoje, a cada dia que se passa e não
estendemos a nossa mão a Jesus irmãos, sofredores, que sentem fome e sede, que
morrem vitimas de abandono e omissão, por todo o mundo. Cadê o espírito da
solidariedade que este Homem Deus buscou despertar dentro de nós. A única
solidariedade que cultuamos, hoje é a de trocar benefícios pessoais que
corrompem a nossa alma. É vergonhoso, mas é a verdade! É vergonhoso, mas a única
solidariedade, neste mundo que Ele tenta salvar, é a troca de favores e
obtenção de vantagens. E a desenfreada dependência de bens materiais, do vício
e da promiscuidade.
E a salvação que nos foi
anunciada? Ela esta cruzando a nossa vida a cada segundo. Será que a
percebemos?
Hoje, depois de mais de 2000
anos, como comemoramos esta vinda? Será que em nossas reflexões mergulhamos
profundamente na causa e na ação dos acontecimentos?
O certo é que a missão de
Jesus foi de dor desde o primeiro momento da Anunciação até o último da
crucifixão. E o interessante é que, nossas reflexões não atingem esta dimensão
e nossas comemorações não impactam estes sentimentos. Não pensamos em nenhum
dos acontecimentos que contam esta estória de dor, que transformou o mundo, mas
simplesmente no acontecimento das homenagens e presentes, que tiveram outro
significado, quando do Seu nascimento e não o que se propõe.
Na verdade temos que ver não
somente o nascimento do Filho de Deus, mas também o nascimento da Família como
nova visão, onde homem e mulher se dividem em responsabilidades. Naquele tempo
Deus já nos mostrava os novos valores que devemos plantar no seio da nossa
família. Valores representados pelo “Sim” de Maria e pelo “Perdão” de José.
Que Jesus, o centro de toda
esta verdade, nós transforme em novos homens, não somente com o seu sacrifício,
mas também com a verdade para a qual foi mandado a nos agraciar.
Que
o Natal, natividade da Luz, símbolo da graça do nascimento de Jesus, o Filho de
Deus, contamine o seu coração, Templo do Espírito Santo, e de todos os seus
familiares...
Alvaro
de Oliveira
Fortaleza,
23/12/2012