Quando orardes, não useis de muitas palavras, como fazem os pagãos. Vós, portanto, orai assim: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, como no céu, assim também na terra. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. Perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos que nos devem. E não nos introduzas em tentação, mas livra-nos do Maligno. De fato, se vós perdoardes aos outros as suas faltas, vosso Pai que está nos céus também vos perdoará. Mas, se vós não perdoardes aos outros, vosso Pai também não perdoará as vossas faltas.
LEITURA ORANTE
ORAÇÃO INICIAL
Na liturgia da Quarta-feira de Cinzas, fomos introduzidos na dinâmica própria deste tempo litúrgico: tempo de conversão, esmolas, oração, jejum... Nesta caminhada quaresmal, guiados pela Palavra de Deus, hoje Jesus nos convida a refletirmos sobre a oração e nos coloca diante das palavras com que ele mesmo se dirigiu ao Pai e ensinou aos seus discípulos.
Deixe-se conduzir pela ação do Espírito Santo que reza em nós, dizendo: Ó divino Espírito, ensina-me tudo quanto Jesus ensinou. Dá-me inteligência para entender; memória para lembrar; vontade dócil para praticar; coração generoso para corresponder aos teus convites. Amém.
1- LEITURA (VERDADE)
Faça uma leitura do texto. Em seguida, proclame a oração do Pai-nosso pausadamente e procure acolher cada palavra. O que o texto está dizendo? Qual expressão chamou mais a sua atenção? A oração do Pai-nosso, conforme a narrativa de Mateus, está inserida dentro do bloco de capítulos das bem-aventuranças (5 a 7). Depois de ter dado diversas orientações aos seus discípulos, Jesus então fala sobre a esmola (Mt 6, 1-5), a oração (Mt 6, 5-15) e em seguida sobre o jejum (Mt 6, 16-18). Em Mt 6, 5-6 Jesus advertiu para que a oração não fosse como a dos hipócritas, que gostam de orar nas sinagogas e esquinas para serem vistos, mas sim um relacionamento com Deus que conhece com profundidade o coração humano. Agora nos vv. 7-15, o convite é para não utilizarmos muitas palavras na oração, mas colocarmo-nos com confiança diante do Senhor que conhece as nossas necessidades, antes mesmo que possamos pedir ou dizer algo.
Em seguida, temos a oração do Pai-nosso. Primeiramente, mostra-nos a necessidade de na oração, sair de nós para Deus (teu nome, teu Reino...); depois, aparece a dimensão comunitária da oração (pão nosso, nossas dívidas...). Em seguida, Jesus enfatiza o elemento da reconciliação com Deus e com os irmãos. Transformados por Deus na oração, somos capazes de relações novas com nossos irmãos.
Detenha-se também em outras palavras presentes na narrativa, como por exemplo, Reino, vontade de Deus, santificado seja o nome de Deus, tentações, faltas... Em alguns instantes de silêncio procure compreender melhor o texto.
2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)
Compreendemos portanto, que a oração não é algo superficial na vida do discípulo, mas precisa estar no centro de sua vida. Também Jesus dedicava momentos para o encontro com o Pai, retirava-se para rezar. É pela oração, pelo encontro com o Senhor, que vamos modelando a nossa vida conforme a vida de Jesus. Na oração, colocamo-nos livres, abertos, confiantes, despojados diante de Deus que nos acolhe com infinito amor porque nos conhece profundamente e sabe do que temos necessidade. Ao mesmo tempo, nos dispomos para acolher a sua vontade em nossa vida.
O que o texto diz para mim, hoje? Qual é a importância da oração em minha vida? Como é meu relacionamento com Deus na oração? Tenho tempo para Deus? Tenho necessidade da oração, da intimidade com Deus?
3- ORAÇÃO (VIDA)
Segundo o Papa Francisco, "a oração é a respiração da alma: é importante encontrar momentos do dia para abrir o coração a Deus, mesmo com simples e breves orações do povo cristão". Qual é a oração que desejo dirigir a Deus neste momento? Pedido, agradecimento, louvor... Reze a oração que Jesus nos ensinou, o Pai-nosso.
4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)
Ao longo deste dia, dedique um tempo para seu encontro com Deus na oração.
BÊNÇÃO
- Que Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Que Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Que volte para nós o seu olhar. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.
Ir. Angela Klidzio, fsp
COMENTÁRIOS
Deus conhece as nossas necessidades
A oração tipicamente cristã não se faz por muitas palavras; ela exige fundamentalmente escuta. As palavras devem traduzir o essencial da relação do ser humano com Deus. A vida em Cristo exige a renúncia da hipocrisia que, por sua vez, é um contratestemunho. Não é a oração que é posta em questão, mas o modo de fazê-la, uma maneira que faz dela expressão da vaidade humana. Deus conhece o coração de cada um, antes mesmo que as palavras cheguem à boca. Diante dele a multiplicação de palavras é inútil. Ademais, essa multiplicação de palavras é expressão da pressão exercida sobre Deus para conseguir algo dele. O que Deus concede ao seu povo é fruto de seu amor e de sua bondade, e não de merecimento de quem quer que seja. A oração do Senhor é, para o discípulo, referência no modo de relacionar-se com Deus. Essa oração exprime, em primeiro lugar, a centralidade de Deus e o engajamento filial do discípulo com relação ao Pai. Em seguida, o discípulo consciente de sua condição suplica pelo que deve sustentá-lo na vida cotidiana: pão e perdão. Por fim, como o mal está sempre diante do ser humano, o cristão pede, pela graça de Deus, para não ser envolvido pelo poder da tentação, mas liberto de todo mal.
Pe. Carlos Alberto Contieri
Fonte Paulinas
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