Ao ser informado da morte de João, Jesus partiu dali e foi, de barco, para um lugar deserto, a sós. Quando as multidões o souberam, saíram das cidades e o seguiram a pé. Ao sair do barco, Jesus viu uma grande multidão. Encheu-se de compaixão por eles e curou os que estavam doentes. Ao entardecer, os discípulos aproximaram-se dele e disseram: “Este lugar é deserto e a hora já está adiantada. Despede as multidões, para que possam ir aos povoados comprar comida!”. Jesus porém lhes disse: “Eles não precisam ir embora. Vós mesmos dai-lhes de comer!”. Os discípulos responderam: "Só temos aqui cinco pães e dois peixes". Ele disse: "Trazei-os aqui". E mandou que as multidões se sentassem na relva. Então, tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu e pronunciou a bênção, partiu os pães e os deu aos discípulos; e os discípulos os distribuíram às multidões. Todos comeram e ficaram saciados, e dos pedaços que sobraram recolheram ainda doze cestos cheios. Os que comeram foram mais ou menos cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças.
LEITURA ORANTE
ORAÇÃO INICIAL
No início de mais uma nova semana, o Evangelho nos relata o encontro de Jesus com a multidão que vai ao seu encontro. Ao vê-la, Jesus encheu-se de compaixão, curou os doentes e partilhando os pães e os peixes, alimentou os famintos. O Mestre nos ensina o valor da partilha, gesto concreto do amor.
Rezemos: Vem, Espírito Santo! Faze-nos amar as Escrituras, para reconhecermos a voz viva de Jesus. Torna-nos humildes e simples, a fim de compreendermos os mistérios do Reino de Deus. Amém.
1- LEITURA (VERDADE)
O que diz o texto? Por que Jesus se preocupa em alimentar a multidão? Com seus gestos, qual convite Jesus, hoje, nos faz? O que representa a partilha dos cinco pães e dos dois peixes?
"Esta narrativa da partilha dos pães entre Jesus, seus discípulos e a multidão encontra-se nos quatro evangelistas. Contudo, Marcos e Mateus apresentam uma segunda partilha, bastante semelhante, como que em reprise desta primeira; porém, diferencia-se na medida em que a primeira acontece na Galileia e a segunda, em território exclusivo de gentios, fora da Galileia.
João Batista, que com seu anúncio do Reino de justiça atraia a si as multidões, foi preso e executado por Herodes, no que teve o apoio dos chefes religiosos das sinagogas e do Templo de Jerusalém. Eles temiam João por seu anúncio libertador, conclamando à prática da justiça, e pela sua grande acolhida entre as multidões. Jesus percebe que ele próprio também é passível de sofrer o mesmo processo repressivo. Assim, retira-se para um lugar isolado com seus discípulos, indo de barco através do lago da Galileia (chamado mar da Galileia). As multidões, sabendo da sua partida, seguiram a pé pela margem do lago, acompanhando-o. Quando Jesus desembarca, já encontra a multidão e, ao ver-lhe a carência e as necessidades, sente compaixão, passando a curar os doentes.
A presença dos doentes entre as multidões exprime uma situação de exclusão social, que favorece o surgimento e a proliferação das doenças. É muito expressiva a compaixão que invade Jesus diante dessas multidões. A menção das curas sugere o seu empenho em promover a vida entre esses excluídos.
Ao entardecer, os discípulos percebem as necessidades das multidões e sugerem que sejam enviadas para comprar comida. Jesus, porém, mostra-lhes outra solução: "Vós mesmos dai-lhes de comer". Os discípulos alegam, então, que têm apenas alguns pães e peixes. Jesus pede que sejam trazidos e, em seguida, os abençoa e os parte. Os discípulos os distribuem. O gesto toca o coração dos demais, que traziam reservadamente seu alimento. Eles também partilham, e todos são satisfeitos. A partilha é o gesto concreto do amor. O amor é contagioso e transforma a comunidade." (...) (Reflexão de José Raimundo Oliva, em ‘A Bíblia dia a dia’, Paulinas Editora).
2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)
O que diz o texto para mim? Qual é a provocação que a Palavra me faz? Acredito na força da partilha? Quais "pães" e "peixes" tenho para partilhar no dia de hoje?
"Na partilha se dá a abolição de uma sociedade escrava do mercado pela implantação da nova sociedade livre, justa e fraterna. A bênção de Jesus sobre os pães e peixes trazidos pelos discípulos significa redirecionar a Deus aquilo que é de Deus, bem como desvincular os bens da posse excludente para libertar o dom de Deus em sua criação, colocando-o ao alcance de todos. A bênção liberta também o coração, e a generosidade leva à partilha e à saciedade de todos. A sobra indica a eficiência da generosidade. A partilha é a expressão do amor de Jesus. Nada nos separa desse amor, que se manifesta, hoje, nas pessoas e comunidades que buscam a justiça e constroem a fraternidade." (Reflexão de José Raimundo Oliva, em ‘A Bíblia dia a dia’, Paulinas Editora).
3- ORAÇÃO (VIDA)
Com a oração do Pai Nosso, pedimos ao Senhor que nos conceda o pão de cada dia, a nós e a todos que dele necessitam. Que saibamos ser fraternos, e nosso coração compreenda o dom de partilhar.
Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.
4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)
Qual é o novo olhar que nasceu em mim a partir da Palavra? Quais apelos recebi e compromissos que desejo concretizar em minha vida?
BÊNÇÃO
- Que Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Que Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Que volte para nós o seu olhar e nos dê a paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.
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Créditos:
Referências bíblicas: Bíblia Sagrada, tradução da CNBB, 2ª ed., 2002 e também para a numeração dos Salmos
Comentário: Pe. Carlos Alberto Contieri, sj, publicado em ‘A Bíblia dia a dia 2015’, Paulinas Editora
Ilustração: Osmar Koxne
Leitura orante: Equipe de redação Paulinas Internet
COMENTÁRIOS
Jesus se compadece da multidão
De Nazaré Jesus volta para as margens do mar da Galileia e de lá para um lugar afastado, para estar a sós. Essa observação é importante: Jesus toma distância das muitas atividades. Mesmo se retirando, Jesus recebe as multidões que o procuram e vão até ele. Compadecido, ele cura os doentes. A compaixão é um sentimento divino que leva Jesus a socorrer as pessoas em suas necessidades. A sugestão dos discípulos de despedir a multidão é razoável: o lugar é distante, a hora avançada e não há o suficiente para alimentar tanta gente. Jesus, no entanto, se recusa a fazê-lo. É ocasião para que o leitor do evangelho compreenda que o alimento do povo que o Cristo reúne é de outra natureza. O texto da multiplicação dos pães tem forte conotação eucarística. A vida do Senhor entregue para a salvação de todos é o alimento espiritual que sustenta o povo de Deus em marcha. O alimento material remete ao alimento espiritual. Esse é o alimento que sustenta abundantemente; não se compra nem se vende e é dado gratuitamente para a vida do mundo.
Pe. Carlos Alberto Contieri, sj
Conteúdo publicado em Comece o Dia Feliz. http://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=evangelho&id=5305#ixzz3hl5hIXMo
Autoriza-se a sua publicação desde que se cite a fonte.
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