Para alguns que confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros, Jesus contou esta parábola: “Dois homens subiram ao templo para orar. Um era fariseu, o outro publicano. O fariseu, de pé, orava assim em seu íntimo: ‘Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de toda a minha renda’. O publicano, porém, ficou a distância e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu; mas batia no peito, dizendo: ‘Meu Deus, tem compaixão de mim, que sou pecador!’. Eu vos digo: este último voltou para casa justificado, mas o outro não. Pois quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado”.
LEITURA ORANTE
ORAÇÃO INICIAL
A liturgia da Palavra nos apresenta hoje a parábola dos dois homens em oração, um fariseu e um publicano. É considerada uma das parábolas centrais do Novo Testamento, uma vez que descreve a situação do ser humano com Deus e de Deus com o ser humano. Na oração, devemos deixar a Deus toda a iniciativa. Permitir que ele nos conduza por seus caminhos.
Predispondo a nossa mente, vontade e coração para a oração, peçamos: Senhor Jesus, dá-me um coração simples para compreender a riqueza de ensinamentos escondida em tua Palavra. Envia teu Espírito Santo para que eu não tenha medo de escutá-la e vivê-la conforme a tua vontade. Que a Palavra transforme o meu coração através da fé e confiança que eu deposito em ti. Amém.
1- LEITURA (VERDADE)
É o momento de compreendermos o texto. O que ele diz? Leia com calma e silenciosamente o texto do Evangelho. Depois, leia novamente em voz alta e pausadamente e procure repetir as palavras que chamaram a sua atenção. Quais personagens aparecem no texto? Onde eles se encontram?
Nossa primeira atenção no texto se volta aos destinatários da parábola: "Alguns que confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros".
Em seguida temos a descrição do comportamento dos dois orantes. O fariseu, descreve tudo o que faz, tem consciência de suas ações diante de Deus e não sente necessidade de pedir perdão pois não se vê como pecador. O publicano, por sua vez, pertencente a uma classe tida como pecadora, reconhece sua condição de pecador, confessa sua miséria e confia na misericórdia de Deus expressa na oração: "Meu Deus, tem compaixão de mim, que sou pecador!" O pedido de perdão é a condição para a oração com humildade.
Por fim, o maior pecador voltou para casa justificado, perdoado, enquanto o outro não.
2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)
O que o texto me fala? Que aspectos do mistério de Deus esta passagem proporciona conhecer? Qual foi a palavra que encontrou sintonia com a realidade que estou vivendo?
Toda oração começa com uma atitude muito simples do orante: apresentar sua vida na presença de Deus. Na oração, devemos ser nós mesmos, sem esconder-nos de nada. Não precisamos temer a Deus pelo que somos. Ele nos conhece, sabe tudo o que vivemos e necessitamos.
Frei Patrício Schiadini, em seu Catecismo da oração, nos diz: "A oração não pode se limitar a determinados momentos, horas, períodos. O nosso ser orante é mais do que um ato, uma atitude. A oração é o respiro, é a vida. Nada mais fácil do que respirar e viver. (...) Rezar hoje quer dizer transformar o nosso dia com sua monotonia num momento sacramental. É saber dar ao momento presente o valor do eterno."
3- ORAÇÃO (VIDA)
Devemos e podemos orar a partir de qualquer situação de nossa vida. Basta que a ofereçamos a Deus. Deus não espera apenas o melhor de nós, mas nos espera com tudo. Faça sua oração e apresente tudo o que você vive ao Senhor.
Reze com a Igreja a oração da Campanha da Fraternidade: Ó Pai, alegria e esperança de vosso povo, vós conduzis a Igreja, servidora da vida, nos caminhos da história. A exemplo de Jesus Cristo e ouvindo sua palavra que chama à conversão, seja vossa Igreja testemunha viva de fraternidade e de liberdade, de justiça e de paz. Enviai o vosso Espírito da verdade para que a sociedade se abra à aurora de um mundo justo e solidário, sinal do reino que há de vir. Por Cristo Senhor nosso. Amém.
Conclua sua oração ouvindo a canção Nossa prece, com o grupo Cantores de Deus.
4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)
Como vou viver concretamente durante o dia os apelos que o Senhor me revelou?
BÊNÇÃO
- Que Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Que Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Que volte para nós o seu olhar. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.
Ir. Angela Klidzio, fsp
COMENTÁRIOS
A salvação é dom de Deus
Confiar na própria justiça, eis a questão do evangelho de hoje. Os que confiavam na própria justiça eram aqueles para os quais as suas obras tinham o poder de salvá-los. Vaidade das práticas religiosas! Esses atribuíam um peso tão grande ao que faziam que desprezavam os outros. A parábola apresenta duas atitudes do homem diante de Deus: o fariseu, embora reconheça que o cumprimento da Lei é dom, se apresenta soberbo e autossuficiente diante de Deus. Para ele a salvação é merecimento em razão de suas próprias obras, e não dom de Deus que deve ser acolhido. A consequência dessa atitude é o juízo condenatório e o desprezo pelos outros. O publicano, ao contrário, se apresenta humildemente diante de Deus, consciente de sua falta, necessitado da misericórdia do Senhor. Há uma prática religiosa que, encerrada em si mesma ou na pessoa que a pratica, se transforma em pura vaidade e sutilmente rejeita um Salvador, pois o que pratica é a sua justificação. A salvação é dom de Deus. O bem que nós porventura fizermos deve ser a expressão da gratidão e da consciência do dom recebido.
Pe. Carlos Alberto Contieri
Fonte paulinas
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