De novo, os judeus pegaram em pedras para apedrejar Jesus. E ele lhes disse: “Eu vos mostrei muitas obras boas da parte do Pai. Por qual delas me quereis apedrejar?" Os judeus responderam: "Não queremos te apedrejar por causa de uma obra boa, mas por causa da blasfêmia. Tu, sendo apenas um homem, pretendes ser Deus"! Jesus respondeu: "Acaso não está escrito na vossa Lei: ‘Eu disse: sois deuses’? Ora, ninguém pode anular a Escritura. Se a Lei chama deuses as pessoas às quais se dirigiu a palavra de Deus, por que, então, acusais de blasfêmia àquele que o Pai consagrou e enviou ao mundo, só porque disse: ‘Eu sou Filho de Deus’? Se não faço as obras do meu Pai, não acrediteis em mim. Mas, se eu as faço, mesmo que não queirais crer em mim, crede nas minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em mim e eu no Pai”. Mais uma vez, procuravam prendê-lo, mas ele escapou das suas mãos. Jesus se retirou de novo para o outro lado do Jordão, para o lugar onde, antes, João esteve batizando. Ele permaneceu lá, e muitos foram a ele. Diziam: "João não fez nenhum sinal, mas tudo o que ele falou a respeito deste homem é verdade". E muitos, ali, passaram a crer nele.
LEITURA ORANTE
ORAÇÃO INICIAL
Guiados pela Palavra de Deus neste tempo quaresmal, hoje somos convidados a renovar a nossa fé no Filho de Deus, que mesmo rejeitado e ameaçado, mantém-se fiel ao Pai. No início da nossa Leitura orante, peçamos: Senhor Jesus, dá-me um coração simples para compreender a riqueza de ensinamentos escondida em tua Palavra. Envia teu Espírito Santo para que eu não tenha medo de escutá-la e vivê-la conforme a tua vontade. Que a Palavra transforme o meu coração através da fé e confiança que eu deposito em ti. Amém.
1- LEITURA (VERDADE)
Leia e releia o texto. O que ele diz em si? Qual é o contexto da narrativa? Qual é o tema central do texto? Quais são as expressões que mais chamaram a sua atenção durante a leitura? Qual é o motivo da tentativa de apedrejamento de Jesus? Quais são as "muitas obras boas da parte do Pai" que Jesus realiza?
Estamos mais uma vez diante de um conflito que surge por Jesus afirmar ser o Filho de Deus. Para os judeus, essa afirmação de Jesus é uma blasfêmia: "Como tu sendo apenas um homem, pretendes ser Deus?". Por isso, surge a tentativa de apedrejar Jesus. Segundo a Lei, o apedrejamento era aplicado como castigo para os casos de blasfêmia e idolatria.
Jesus então os questiona: "Eu vos mostrei muitas obras boas da parte do Pai. Por qual delas me quereis apedrejar?" Observe que Jesus diz: "muitas obras boas da parte do Pai". Jesus não tem a pretensão de ganhar destaque por causa das obras que realiza, mas todas as suas obras atestam que ele veio do Pai, ele é o Enviado, suas obras mostram a presença de Deus. Jesus realiza as obras do Pai no meio de nós. Mais ainda, Jesus foi santificado, ou seja, escolhido pelo Pai para realizar sua obra, conforme ele mesmo atesta: "Por que acusais de blasfêmia àquele que o Pai consagrou e enviou ao mundo, só porque disse: Eu sou Filho de Deus?".
Em seguida, mais uma vez Jesus declara ser o caminho para o Pai. Ou seja, não podemos ver a Deus, mas olhando para Jesus saberemos como Deus é "para que saibais e reconheçais que o Pai está em mim e eu no Pai".
Por fim, o evangelista observa que foram muitos os que acreditaram em Jesus.
2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)
É o momento da relação entre o que Deus nos diz e o que acontece em nossa vida. A pergunta que agora fazemos é: qual é a mensagem que essa passagem tem para mim? Como acolho Jesus, o Filho de Deus que veio ao mundo e me revela o rosto do Pai? Qual é o rosto de Deus que contemplo na vida, palavras e ações de Jesus?
Permaneça alguns instantes em silêncio e procure acolher o apelo de Deus para este momento da sua vida. Antes da oração, ouça ainda a canção Eterno Senhor.
3- ORAÇÃO (VIDA)
O que o texto em que meditei me inspira a dizer a Deus? Apresente o desejo que brotou em seu coração e peça a graça de vivê-lo durante o dia. Faça também sua prece de agradecimento ou pedido.
Conclua com a oração: Jesus, divino Mestre, nós vos adoramos, Filho muito amado do Pai, caminho único para chegarmos a ele. Nós vos louvamos e agradecemos, porque sois o exemplo que devemos seguir. Com simplicidade queremos aprender de vós o modo de ver, julgar e agir. Queremos ser atraídos por vós, para que, caminhando nas vossas pegadas, possamos viver dia a dia a liberdade dos filhos de Deus, renunciando a nós mesmos, para buscar em tudo, a vontade do Pai. Aumentai nossa esperança, impulsionando plenamente o nosso ser e o nosso agir. Ajudai-nos a retratar em nossa vida a vossa imagem, para que assim vos possamos possuir eternamente no céu. Amém.
4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)
Como vou viver concretamente durante o dia os apelos que o Senhor me revelou?
BÊNÇÃO
- Que Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Que Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Que volte para nós o seu olhar e nos dê a paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.
Ir. Angela Klidzio, fsp
COMENTÁRIOS
A resistência à mensagem de Jesus
A vida de Jesus é continuamente ameaçada. Não obstante isso, Jesus persiste no seu caminho para o Pai, na fidelidade à vontade de Deus, que ele tem como sustento de sua vida. A acusação dos judeus contra Jesus é a “blasfêmia”. Blasfêmia é falar contra Deus. Ora, quem resiste à mensagem de Jesus é que blasfema. Para os judeus do nosso texto não são as boas obras o objeto da perseguição e das suas tentativas homicidas, mas a blasfêmia. Ora, para Jesus agir e falar estão intimamente unidos. As obras que ele realiza e, definitivamente, o Pai é que dão testemunho dele. Ainda no capítulo 6, é apontada a dificuldade de os judeus discernirem as obras de Jesus, de reconhecerem nelas sinais, isto é, manifestação do Espírito e da divindade de Jesus, que remetem ao mistério de Deus. A causa da rejeição é a falta de fé, apontada no capítulo 9 como “cegueira”. Jesus, é bom notar, não se entrega facilmente às mãos dos judeus; busca, sem covardia nem medo, preservar a própria vida (cf. 10,39). A divisão entre os que rejeitam Jesus e os que creem nele mostra a ambiguidade própria do sinal que, por isso mesmo, precisa ser discernido.
Pe. Carlos Alberto Contieri
Fonte Paulinas
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