terça-feira, 8 de setembro de 2015

EVANGELHO DO DIA - ANO B - DIA 06/09 - Efatá! - Mc 7,31-37



Jesus deixou de novo a região de Tiro, passou por Sidônia e continuou até o mar da Galileia, atravessando a região da Decápole. Trouxeram-lhe, então, um homem que era surdo e mal podia falar, e pediram que impusesse as mãos sobre ele. Levando-o à parte, longe da multidão, Jesus pôs os dedos nos seus ouvidos, cuspiu, e com a saliva tocou-lhe a língua. Olhando para o céu, suspirou e disse: “Efatá!” (que quer dizer: “Abre-te”). Imediatamente, os ouvidos do homem se abriram, sua língua soltou-se e ele começou a falar corretamente. Jesus recomendou, com insistência, que não contassem o ocorrido para ninguém. Contudo, quanto mais ele insistia, mais eles o anunciavam. Cheios de grande admiração, diziam: “Tudo ele tem feito bem. Faz os surdos ouvirem e os mudos falarem”.

LEITURA ORANTE
ORAÇÃO INICIAL

Liturgia do 23º Domingo do Tempo Comum. A multidão reconhece que Jesus "tem feito bem todas as coisas: aos surdos faz ouvir e aos mudos falar". Peçamos ao Espírito Santo a graça de compreendermos o mistério da vida de Cristo que a Palavra hoje nos apresenta.
Rezemos: Senhor Jesus, dá-me um coração simples para compreender a riqueza de ensinamentos escondida em tua Palavra. Envia teu Espírito Santo para que eu não tenha medo de escutá-la e vivê-la conforme a tua vontade. Que a Palavra transforme o meu coração através da fé e confiança que eu deposito em ti. Amém.

1- LEITURA (VERDADE)

O que diz o texto? Qual é o contexto da narrativa? Por que o homem surdo precisou ser conduzido até Jesus? Quais são os gestos e palavras utilizados por Jesus para curar o homem? Como a multidão reage diante do acontecido?
"Jesus iniciou seu ministério na Galileia, onde vivia com sua família. A Galileia era um território gentílico, vinculado à Síria, onde foram implantadas colônias judaicas na segunda metade do séc. 1 a.C. pelo hasmoneu Aristóbulo e por seu sucessor, Alexandre Janeu.
Na segunda etapa de seu ministério, Jesus se dirige aos povos gentílicos vizinhos à Galileia, tradicionalmente repudiados pelo judaísmo, começando por Tiro e, agora, na Decápole, em contato com sua população mesclada de gregos e romanos. O evangelho de Marcos destaca esta fase de missão nestes territórios, realçando como Jesus veio para libertar e comunicar vida a todos os povos, abolindo a distinção entre povos impuros, os gentios, e povo puro, os judeus.
O homem surdo que mal pode falar, curado por Jesus na Decápole, é a expressão da submissão e alienação de um poder dominador que inibe a comunicação das pessoas. Marcos narra minuciosamente os gestos de Jesus, realçando assim a presença do Deus encarnado, compassivo e solidário, entre nós. Os ouvidos do homem se abrem e ele começa a falar corretamente. Jesus liberta aquele homem em território pagão. Aqueles que ouvem Jesus começam a 'falar corretamente'. Isto é, passam a anunciar os seus feitos. Esta narrativa de Marcos visa mexer com os discípulos. Eles, ainda apegados à doutrina nacionalista e segregacionista de 'povo eleito', ficam como surdos e sua palavra é frágil. Estão com dificuldade de entender que os gentios são também destinatários do Reino. É o universalismo da salvação, a comunhão com Deus oferecida a todas as criaturas.
A narrativa de Marcos é pródiga em assinalar a presença física de Jesus no meio da multidão, com o toque, o uso dos dedos e da saliva, sobre o homem que trouxeram para que ele impusesse as mãos. A imposição das mãos e a própria saliva eram tidas como uma comunicação de energia e cura.
Aqueles que participaram deste episódio da cura do surdo-tartamudo puseram-se a anunciar os feitos de Jesus em sua região, de maneira semelhante ao possesso geraseno libertado por Jesus (Mc 5,1.20). São registros de Marcos sobre o anúncio missionário em andamento, tendo como agentes os próprios gentios.
As narrativas de cura, envolvendo as multidões de excluídos, carentes e adoentados, são a expressão da atenção especial de Jesus para com estes pobres, escolhidos por Deus, em vista de restaurar-lhes a vida.
A afirmação final, 'faz os surdos ouvirem e os mudos falarem', se inspira na profecia atribuída a Isaías (primeira leitura), dirigida aos exilados da Babilônia. Na tradição profética, a menção aos cegos que veem, surdos que ouvem, mudos que falam, aleijados que pulam, 'águas vão correr no deserto... e o seco vai se encher de minas d'água', é uma simbologia literária que indica uma nova situação do povo que é erguido de sua exclusão e de seu abatimento e recupera sua dignidade, com novo ânimo de vida. Com este mesmo caráter simbólico teriam sido elaboradas as diversas narrativas de cura encontradas nos evangelhos. Não são transformações milagrosas mas resultam do empenho em promover a vida, restaurando a justiça e a paz no mundo." (Reflexão de José Raimundo Oliva, em ‘A Bíblia dia a dia’, Paulinas Editora).
2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)

O que o texto diz para mim, hoje? Qual palavra do texto encontrou profunda sintonia com a minha vida, com as minhas atitudes? Em minha vida, meu trabalho, meu relacionamento com as pessoas, como procuro viver os ensinamentos de Jesus? Quais sentimentos o texto despertou em mim?
3- ORAÇÃO (VIDA)

Oração para pedir a graça da Fé
Senhor, eu creio. Eu quero crer em ti.
Eu te louvo pelo dom da fé e reconheço que estou ainda longe de ter a mesma fé de Abraão e Sara, de Tobit, de tantos profetas e reis; e o quanto sonho em experimentar também a mesma fé da Virgem Maria.
Renova em mim o dom da fé recebida no Batismo, confirmado na Crisma e reanimado em cada Eucaristia. Que eu viva alicerçado na tua Palavra e que por ela me sinta exortado à fidelidade.
Diante de tua presença, professo que creio, mas aumenta a minha fé.
Senhor, faze que minha fé seja total, sem reservas; que ela penetre no meu pensamento e na minha maneira de julgar as coisas divinas e as coisas humanas.
Senhor, faze que minha fé seja livre, quero aceitar livremente a tua vontade com todas as renúncias e deveres que ela comporta.
Senhor, tu disseste que felizes são os que creem sem ter visto. Dá-me a graça de crer, mesmo nos momentos em que não vejo caminho ou solução, reconhecendo que tu és o caminho e solução, sempre!
Senhor, faze que minha fé seja forte.
Que eu possa caminhar sobre as águas revoltas e em teu nome eu possa remover montanhas; dá-me a fé que não vacila, que é garantia de vida eterna e que proclama teu poder, agindo, curando e libertando.
Que eu permaneça com os olhos fixos no teu coração transpassado, para que, te vendo, eu receba a salvação e a anuncie a todos. Amém. (Papa Paulo VI)
4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)

Com a Palavra de Deus na mente e no coração, qual atitude me proponho a viver no dia de hoje?
BÊNÇÃO

- Que Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Que Ele nos mostre a Sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Que volte para nós o Seu olhar e nos dê a paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.

Créditos: 
Referências bíblicas: Bíblia Sagrada, tradução da CNBB, 2ª ed., 2002 e também para a numeração dos Salmos
Comentário: Pe. Carlos Alberto Contieri, sj, publicado em ‘A Bíblia dia a dia 2015’, Paulinas Editora
Ilustração: Osmar Koxne
Leitura orante: Equipe de Redação Paulinas Internet
 
COMENTÁRIOS
Jesus revela o rosto misericordioso de Deus

Jesus atravessa as aldeias, passa pela vida de cada um de nós praticando o bem, revelando o rosto misericordioso de Deus, fazendo sentir seu imenso amor e suscitando em cada um a fé na vida. O território é pagão, modo de o texto afirmar o chamado dos gentios à salvação. Apresentam a Jesus um homem surdo e com dificuldade de falar. Um surdo-mudo é incapaz de se comunicar por palavras, por isso, é excluído da vida social. A sua situação é humilhante, uma vez que não compreende o que é dito nem pode responder. O seu mal está na sua surdez: ele é mudo porque é surdo. Algumas pessoas levam o homem até Jesus. Quem são os que conduzem a Jesus o surdo que tinha muita dificuldade em falar, o texto nãos nos diz. No entanto, há de supor que se trate de pessoas que creem no poder de Jesus, pois pedem que o Senhor imponha as mãos sobre ele. Jesus age com discrição, levando o homem à parte, longe da multidão. Jesus não busca o sucesso, nem impressionar. Ele quer somente fazer o bem; e o bem, fruto do seu amor, é silencioso e discreto. Jesus toca os ouvidos do homem com os dedos. Os dedos transmitem o poder (cf. Ex 8,15) que abre os ouvidos (cf. Sl 40[39],7). A propriedade terapêutica da saliva, sobretudo, cicatrizante, já era conhecida na antiguidade. É do céu que vem a ajuda, por isso, Jesus olha para o céu, e o seu “gemido” é expressão da súplica a Deus (cf. Rm 8,26). Os gestos são acompanhados da palavra que liberta: “Abre-te!”. A palavra dá o significado dos gestos. A cura remete o leitor ao advento messiânico em que a realidade é transformada (cf. Is 35,5-6). Agora, o homem pode ouvir e falar corretamente. Jesus pede discrição sobre o acontecido. É o que, em Marcos, se chama o “segredo messiânico”. O enorme espanto que se apossa da multidão a faz dizer algo que evoca o relato da criação (Gn 1,10.12.18.21.31): “todo ele tem feito bem”. Em Jesus Cristo se dá, efetivamente, uma nova criação, pois ele devolve à criatura a possibilidade de reconhecer que Deus fez tudo bem.
Pe. Carlos Alberto Contieri, sj


Conteúdo publicado em Comece o Dia Feliz. http://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=evangelho&action=busca_result&data=06%2F09%2F2015#ixzz3lCOAuPH3 
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