quarta-feira, 30 de março de 2016

2º Domingo da Páscoa - 03/04/2016

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
LITURGIA DIÁRIA

Primeira Leitura (At 5, 12-16)

Leitura dos Atos dos Apóstolos:

12Muitos sinais e maravilhas eram realizados entre o povo pelas mãos dos apóstolos. Todos os fiéis se reuniam, com muita união, no Pórtico de Salomão.

13Nenhum dos outros ousava juntar-se a eles, mas o povo estimava-os muito.

14Crescia sempre mais o número dos que aderiam ao Senhor pela fé; era uma multidão de homens e mulheres. 15Chegavam a transportar para as praças os doentes em camas e macas, a fim de que, quando Pedro passasse, pelo menos a sua sombra tocasse alguns deles.

16A multidão vinha até das cidades vizinhas de Jerusalém, trazendo doentes e pessoas atormentadas por maus espíritos. E todos eram curados.


- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

MENSAGEM

A primeira frase desta leitura apresenta o tema: “pelas mãos dos apóstolos realizavam-se muitos milagres e prodígios entre o povo”.
A descrição da acção dos apóstolos e da reacção do povo é, neste contexto, muito parecida com certos relatos de curas e certos resumos da actividade taumatúrgica de Jesus que encontramos nos evangelhos sinópticos. Isso diz-nos, desde logo, duas coisas: que não se trata de uma reportagem fotográfica de acontecimentos, mas de um resumo teológico; e que Lucas vê uma continuidade entre a missão de Jesus e a missão da comunidade cristã (a mesma actividade salvadora e libertadora de Jesus em favor dos pobres e dos oprimidos é continuada agora no mundo pela sua Igreja).
Um desenvolvimento especialmente interessante é a atribuição à “sombra” de Pedro de virtudes curativas (cf. Act 5,15b). Isso nunca foi dito acerca de Cristo… Significa que Pedro tinha mais poder do que Cristo? Não. Significa, provavelmente, que nada é impossível àquele que se coloca na órbita de Cristo e recebe d’Ele a força para testemunhar.
Devemos ter presente, para entender a mensagem, o cenário de fundo deste texto: os apóstolos são as testemunhas de Jesus ressuscitado e do seu projecto libertador para o mundo; os gestos realizados servem para dar testemunho da ressurreição, isto é, dessa vida nova que em Cristo começou e que, através dos seguidores de Cristo ressuscitado, deve chegar a todos os homens.


Responsório (Sl 117)

— Dai graças ao Senhor, porque ele é bom! “Eterna é a sua misericórdia!”

— Dai graças ao Senhor, porque ele é bom! “Eterna é a sua misericórdia!”


— A casa de Israel agora o diga:/ “Eterna é a sua misericórdia!’/ A casa de Aarão agora o diga:/ “Eterna é a sua misericórdia!”/ Os que temem o Senhor, agora o digam:/ “Eterna é a sua misericórdia!”

— “A pedra que os pedreiros rejeitaram/ tornou-se agora pedra angular./ Pelo Senhor é que foi feito tudo isso:/ Que maravilhas ele fez a nossos olhos!/ Este é o dia que o Senhor fez para nós,/ Alegremo-nos e nele exultemos!

— Ó Senhor, dai-nos a vossa salvação,/ ó Senhor,/ dai-nos também prosperidade!”/ Bendito seja, / em nome do Senhor,/ aquele que em seus átrios vai entrando!/ Desta casa do Senhor vos bendizemos./ Que o Senhor e nosso Deus nos ilumine!


Segunda Leitura (Ap 1,9-11a.12-13.17-19)

Leitura do Livro do Apocalipse de São João:

9Eu, João, vosso irmão e companheiro na tribulação, e também no reino e na perseverança em Jesus, fui levado à ilha de Patmos, por causa da Palavra de Deus e do testemunho que eu dava de Jesus.

10No dia do Senhor, fui arrebatado pelo Espírito e ouvi atrás de mim uma voz forte, como de trombeta, 11aa qual dizia: “O que vais ver, escreve-o num livro”.

12Então voltei-me para ver quem estava falando; e ao voltar-me, vi sete candelabros de ouro. 13No meio dos candelabros havia alguém semelhante a um “filho de homem”, vestido com uma túnica comprida e com uma faixa de ouro em volta do peito.

17Ao vê-lo, caí como morto a seus pés, mas ele colocou sobre mim sua mão direita e disse: “Não tenhas medo. Eu sou o Primeiro e o Último, 18aquele que vive. Estive morto, mas agora estou vivo para sempre. Eu tenho a chave da morte e da região dos mortos.

19Escreve pois o que viste, aquilo que está acontecendo e que vai acontecer depois”.


- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

MENSAGEM

Esse “Filho do Homem” é Cristo ressuscitado. Para o descrever em pormenor, o autor (um tal João, exilado na ilha de Patmos por causa do Evangelho) vai recorrer a símbolos herdados do mundo vétero-testamentário que sublinham, antes de mais, a divindade de Jesus.
O texto que hoje a liturgia nos propõe não apresenta a descrição original completa (faltam os versículos 14-16). Nos versículos que nos são propostos, este “Filho do Homem” é apresentado como o Senhor que preside à sua Igreja (no vers. 12, os sete candelabros representam a totalidade da Igreja de Jesus; recordar que o sete é o número que indica plenitude, totalidade) e que caminha no meio dela e com ela (vers. 13a); Ele está revestido de dignidade sacerdotal (a longa túnica, distintivo da dignidade sacerdotal revela que Ele é, agora, o verdadeiro intermediário entre Deus e os homens – vers. 13b) e possui dignidade real (o cinto de ouro, porque n’Ele reside a realeza e a autoridade sobre a história, o mundo e a Igreja – vers. 13c). Sobretudo, Ele é o Cristo do mistério pascal: esteve morto, voltou à vida e é agora o Senhor da vida que derrotou a morte (vers. 18). A história começa e acaba n’Ele (vers. 17b). Por isso, os cristãos nada terão a temer.
A João, Cristo ressuscitado confia a missão profética de testemunhar. O facto de João cair por terra como morto e o facto de o Senhor o reanimar com um gesto (vers. 17) fazem-nos pensar em vários relatos de vocação profética do Antigo Testamento. O “profeta” João é, pois, enviado às igrejas; a sua missão é anunciar uma mensagem de esperança que permita enfrentar o medo e a perseguição. Sobretudo, é chamado a anunciar a todos os cristãos que Jesus ressuscitado está vivo, que caminha no meio da sua Igreja e que, com Ele, nenhum mal nos acontecerá pois é Ele que preside à história.




Anúncio do Evangelho (Jo 20,19-31)




— O Senhor esteja convosco.

— Ele está no meio de nós.

— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.

— Glória a vós, Senhor.



19Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”.

20Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor.

21Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”.

22E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. 23A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos”.

24Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio. 25Os outros discípulos contaram-lhe depois: “Vimos o Senhor!”

Mas Tomé disse-lhes: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”.

26Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”.

27Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel”.

28Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!”

29Jesus lhe disse: “Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!”

30Jesus realizou muitos outros sinais diante dos discípulos, que não estão escritos neste livro. 31Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.



— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.

MENSAGEM

O texto que nos é proposto divide-se em duas partes bem distintas.
Na primeira parte (cf. Jo 20,19-23), descreve-se uma “aparição” de Jesus aos discípulos. Depois de sugerir a situação de insegurança e fragilidade que dominava a comunidade (o “anoitecer”, “as portas fechadas”, o “medo”), o autor deste texto apresenta Jesus “no centro” da comunidade (vers. 19b). Ao aparecer “no meio deles”, Jesus assume-Se como ponto de referência, factor de unidade, a videira à volta da qual se enxertam os ramos. A comunidade está reunida à volta d’Ele, pois Ele é o centro onde todos vão beber a vida.
A esta comunidade fechada, com medo, mergulhada nas trevas de um mundo hostil, Jesus transmite duplamente a paz (vers. 19 e 21: é o “shalom” hebraico, no sentido de harmonia, serenidade, tranquilidade, confiança). Assegura-se, assim, aos discípulos que Jesus venceu aquilo que os assustava: a morte, a opressão, a hostilidade do “mundo”.
Depois (vers. 20a), Jesus revela a sua “identidade”: nas mãos e no lado trespassado, estão os sinais do seu amor e da sua entrega. É nesses sinais de amor e doação que a comunidade reconhece Jesus vivo e presente no seu meio. A permanência desses “sinais” indica a permanência do amor de Jesus: Ele será sempre o Messias que ama, e do qual brotarão a água e o sangue que constituem e alimentam a comunidade.
Em seguida (vers. 22), Jesus “soprou sobre eles”. O verbo aqui utilizado é o mesmo do texto grego de Gn 2,7 (quando se diz que Deus soprou sobre o homem de argila, infundindo-lhe a vida de Deus). Com o “sopro” de Gn 2,7, o homem tornou-se um ser vivente; com este “sopro”, Jesus transmite aos discípulos a vida nova que fará deles homens novos. Agora, os discípulos possuem o Espírito, a vida de Deus, para poderem – como Jesus – dar-se generosamente aos outros. É este Espírito que constitui e anima a comunidade.
As palavras de Jesus à comunidade contêm ainda uma referência à missão (vers. 23). Os discípulos são enviados a prolongar o oferecimento de vida que o Pai apresenta à humanidade em Jesus. Quem aceitar essa proposta de vida, será integrado na comunidade; quem a rejeitar, ficará à margem da comunidade de Jesus.
Na segunda parte (cf. Jo 20,24-29), apresenta-se uma catequese sobre a fé. Como é que se chega à fé em Cristo ressuscitado? João responde: podemos fazer a experiência da fé em Jesus vivo e ressuscitado na comunidade dos crentes, que é o lugar natural onde se manifesta e irradia o amor de Jesus. Tomé representa aqueles que vivem fechados em si próprios (está fora) e que não faz caso do testemunho da comunidade nem percebe os sinais de vida nova que nela se manifestam. Em lugar de se integrar e participar da mesma experiência, pretende obter uma demonstração particular de Deus.
Tomé acaba, no entanto, por fazer a experiência de Cristo vivo no interior da comunidade. Porquê? Porque, no “dia do Senhor”, volta a estar com a sua comunidade. É uma alusão clara ao domingo, ao dia em que a comunidade é convocada para celebrar a Eucaristia: é no encontro com o amor fraterno, com o perdão dos irmãos, com a Palavra proclamada, com o pão de Jesus partilhado, que se descobre Jesus ressuscitado.
A experiência de Tomé não é exclusiva das primeiras testemunhas; mas todos os cristãos de todos os tempos podem fazer esta mesma experiência.
Fonte liturgia Canção Nova
Fonte mensagens http://www.dehonianos.org/

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