Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, os discípulos estavam reunidos, com as portas fechadas por medo dos judeus. Jesus entrou e pôs-se no meio deles. Disse: “A paz esteja convosco”. Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos, então, se alegraram por verem o Senhor. Jesus disse, de novo: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou também eu vos envio”. Então, soprou sobre eles e falou: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, serão perdoados; a quem os retiverdes, ficarão retidos”.
LEITURA ORANTE
ORAÇÃO INICIAL
Com a liturgia de hoje, solenidade de Pentecostes, concluímos o tempo pascal. Cinquenta dias após a Páscoa, os discípulos reunidos com Maria recebem os dons do Espírito Santo. Celebremos com fé este dia e peçamos também para nós e para a Igreja os dons da fortaleza, sabedoria, ciência, conselho, entendimento, piedade e temor de Deus.
1- LEITURA (VERDADE)
O que diz o texto? Faça uma leitura atenta e perceba os elementos presentes na narrativa. Leia também em sua Bíblia as leituras, At 2, 1-11 e 1Cor 12, 3b-7.12-13 ou Gl 5, 16-25. Quais são os elementos comuns entre elas? Qual é a experiência vivida pelos discípulos?
No Evangelho, Jesus ressuscitado aparece aos discípulos reunidos, em um contexto de medo, pois as portas estavam fechadas. É Jesus quem toma a iniciativa: "Jesus entrou e pôs-se no meio deles". A sua presença torna-se comunicação de paz: "A paz esteja convosco". O reconhecimento de sua presença desperta a alegria nos discípulos: "Os discípulos se alegraram por verem o Senhor". Jesus os envia: "Como o Pai me enviou, também eu vos envio". E comunica-lhes o Espírito Santo: "Recebei o Espírito Santo". É também pelo dom do Espírito Santo que os discípulos poderão realizar a missão a eles confiada por Jesus: "A quem perdoardes os pecados, serão perdoados; a quem os retiverdes, ficarão retidos".
2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)
(...)"Cristo glorificado à direita do Pai continua a cumprir a sua promessa, derramando sobre a Igreja o Espírito vivificador, que nos ensina, nos recorda e nos faz falar.
O Espírito Santo ensina-nos: é o Mestre interior. Ele orienta-nos pela senda reta, através das situações da vida. Indica-nos o caminho, a vereda.(...) Mais do que um mestre de doutrina, o Espírito Santo é um Mestre de vida. E, sem dúvida, da vida faz parte também o saber, o conhecer, mas no contexto do horizonte mais amplo e harmonioso da existência cristã.
O Espírito Santo recorda-nos, recorda-nos tudo aquilo que Jesus disse. É a memória viva da Igreja. E enquanto nos faz recordar, leva-nos também a compreender as palavras do Senhor.(...) O Espírito de verdade e de caridade recorda-nos o que Cristo disse, leva-nos a entrar cada vez mais plenamente no sentido das suas palavras.(...) Em síntese, o Espírito recorda-nos o mandamento do amor e chama-nos a vivê-lo!(...)
O Espírito Santo ensina-nos, recorda-nos e — outra sua característica — faz-nos falar com Deus e com os homens. Não existem cristãos mudos, emudecidos de alma; não, não há lugar para isto.(...) Ele leva-nos a falar com Deus na oração. A oração é uma dádiva que nós recebemos gratuitamente; é diálogo com Ele no Espírito Santo, que ora em nós e que nos permite dirigir-nos a Deus chamando-lhe Pai, Aba (cf. Rm 8,15; Gl 4,4);(...) "Todos aqueles que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus" (Rm 8, 14).(...)
Mas há mais: o Espírito Santo leva-nos a falar também aos homens na profecia, ou seja, transformando-nos em "canais" humildes e dóceis da Palavra de Deus. (...) Impregnados do Espírito de amor, podemos ser sinais e instrumentos de Deus que ama, serve e vivifica.
Recapitulando: o Espírito Santo ensina-nos o caminho; recorda-nos e explica-nos as palavras de Jesus; leva-nos a rezar e a dizer "Pai" a Deus; faz-nos falar aos homens no diálogo fraterno e leva-nos a falar na profecia."(...)
(Homilia do Papa Francisco, Solenidade de Pentecostes 2014. Disponível na íntegra em https://w2.vatican.va)
3- ORAÇÃO (VIDA)
Peçamos neste dia os dons do Espírito Santo para a Igreja, para os povos, para os doentes, para os desanimados, para nossas necessidades pessoais,...
Vinde, Espírito Santo, e enviai-nos do alto do céu, um raio da vossa luz. Vinde, Pai dos pobres, vinde, fonte de todos os dons, vinde, luz dos corações. Consolador magnífico. Doce hóspede da alma. Doce reconforto. Sois repouso para o nosso trabalho, força contra nossas paixões, conforto para as nossas lágrimas. Sem o vosso auxílio, nada pode o homem, nada produz de bom. Lavai as nossas manchas. Banhai nossa aridez. Curai nossas feridas. Dobrai a nossa dureza. Aquecei nossa frieza. Corrigi os nossos erros. Dai aos vossos fiéis, que em vós confiam, os sete dons sagrados. Dai-nos o mérito da virtude. Dai-nos o troféu da salvação, dai-nos a alegria eterna. Amém.
4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)
Com a Palavra de Deus na mente e no coração, qual atitude me proponho viver no dia de hoje?
BÊNÇÃO
- O Deus que derramou em nossos corações o Espírito do seu Filho nos encha de alegria e consolação, agora e sempre.
- Amém.
- Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.
- Para sempre seja louvado!
(Da Festa de Pentecostes, Ofício Divino das Comunidades, Paulus)
Créditos:
Referências bíblicas: Bíblia Sagrada, tradução da CNBB, 2ª ed., 2002 e também para a numeração dos Salmos.
Comentário: Pe. Carlos Alberto Contieri, sj, publicado em A Bíblia dia a dia 2015, Paulinas.
Leitura orante: Equipe de redação Paulinas Internet.
COMENTÁRIOS
O Espírito Santo é o dom de Deus oferecido a nós
om a solenidade de Pentecostes encerra-se o tempo da Páscoa. A promessa da vinda do Espírito Santo feita por Jesus aos seus discípulos se realiza (cf. At 1,8). Elevado à glória celeste, o Senhor nos enviou, da parte do Pai, o Espírito que o conduziu ao longo de toda a sua vida para que sejamos iluminados pelo Espírito Santo, que é o dom de Deus oferecido a nós para o testemunho. O dom do Espírito é o dom dos tempos escatológicos, o dom definitivo de Deus como cumprimento de toda a sua promessa. Hoje, Deus derramou o seu espírito sobre “toda carne” (cf. Jl 3,1-5). A humanidade inteira é destinatária desse poder que vem do alto. O Espírito é dado para fazer compreender e viver a palavra de Jesus Cristo. O Espírito Santo é uma realidade interior que nos ultrapassa infinitamente (cf. Jo 3,8). Ele enche toda a terra.
A festa cristã de Pentecostes coincide com a festa judia de Pentecostes (cf. At 1,1). De uma festa agrícola (Ex 12,15-17; Ex 34,22; Dt 16,10), o pentecostes judeu passou, no período pós-exílico, a ser a festa comemorativa da renovação da Aliança do Sinai (Ex 19,1). O adjetivo ordinal “pentecostes” indica o último dia de uma série de cinquenta dias. Essa coincidência
intencional das duas tradições tem por finalidade fazer compreender que o Espírito Santo é a lei interna da caridade. Todo o relato dos Atos dos Apóstolos precisa ser bem compreendido para que o sentido do texto não seja desvirtuado nem a mensagem do texto prisioneira de certas concepções equivocadas. O relato possui elementos claríssimos da teofania do Sinai: barulho ensurdecedor, fogo, espanto (cf. Ex 19,16). São elementos que, na cultura bíblica de determinada época, indicam a presença do próprio Deus. O barulho enche toda a casa, do mesmo modo que o Espírito Santo enche todos os que nela estão. Depois de um elemento sonoro, tem-se um elemento visual: “como que línguas de fogo”. Essas línguas de fogo simbolizam o poder de Deus que faz falar. O Espírito Santo é o poder de Deus que faz falar as maravilhas de Deus, sobretudo, o que Deus fez por toda a humanidade mediante seu Filho Jesus Cristo. Não se trata, aqui, de glossolalia, mas de um modo de afirmar a universalidade da missão da Igreja: o dom do Espírito impulsiona a Igreja a assumir cada cultura, a língua de cada povo, para poder fazer chegar a toda pessoa a graça do amor de Deus manifestada no Senhor Jesus Cristo. A linguagem do Espírito não é uma linguagem ordinária, pois ele comunica a realidade íntima de Deus, a verdade da vida espiritual. A ação interior do Espírito Santo é essencial para viver a fé, a esperança e a caridade. O Espírito Santo é o que faz com que a mensagem e a obra de Cristo entrem no mais profundo do coração, onde ele introduz o mistério pascal.
Pe. Carlos Alberto Contieri
Conteúdo publicado em Comece o Dia Feliz. http://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=evangelho&action=busca_result&data=24%2F05%2F2015#ixzz3b1LPKm6F
Autoriza-se a sua publicação desde que se cite a fonte.
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