quinta-feira, 7 de abril de 2016

3º Domingo da Páscoa - 10/04/2016

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
LITURGIA DIÁRIA

Primeira Leitura (At 5,27b-32.40b-41)

Leitura dos Atos dos Apóstolos:

Naqueles dias, os guardas levaram os apóstolos e os apresentaram ao Sinédrio. 27bO sumo sacerdote começou a interrogá-los, dizendo:

28“Nós tínhamos proibido expressamente que vós ensinásseis em nome de Jesus. Apesar disso, enchestes a cidade de Jerusalém com a vossa doutrina. E ainda nos quereis tornar responsáveis pela morte desse homem!

29Então Pedro e os outros apóstolos responderam: “É preciso obedecer a Deus, antes que aos homens. 30O Deus de nossos pais ressuscitou Jesus, a quem vós matastes, pregando-o numa cruz. 31Deus, por seu poder, o exaltou, tornando-o Guia Supremo e Salvador, para dar ao povo de Israel a conversão e o perdão dos seus pecados. 32E disso somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus concedeu àqueles que lhe obedecem”.

40bEntão mandaram açoitar os apóstolos e proibiram que eles falassem em nome de Jesus, e depois os soltaram.

41Os apóstolos saíram do Conselho, muito contentes, por terem sido considerados dignos de injúrias, por causa do nome de Jesus.




- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

MENSAGEM

A questão principal gira à volta do confronto entre o cristianismo nascente e as autoridades judaicas. A frase de Pedro “deve obedecer-se antes a Deus do que aos homens” (vers. 29) deve ser vista como o tema central; define a atitude que os cristãos são convidados a assumir diante da oposição do mundo.
Quanto ao resumo doutrinal dos vers. 30-32, ele não apresenta grandes novidades doutrinais em relação a outras formulações do kerigma primitivo acerca de Jesus (apresentado de forma mais desenvolvida em At 2,17-36, 3,13-26 e 10,36-43): morte na cruz, ressurreição, exaltação à direita de Deus, a sua apresentação como salvador e o testemunho dos apóstolos por ação do Espírito. Neste contexto, apenas se acentua – mais do que noutras formulações – a responsabilidade do Sinédrio no escândalo da cruz e a contraposição entre a ação de Deus e a ação das autoridades judaicas em relação a Jesus.
De resto, a oposição humana põe em relevo a realidade sobre-humana da mensagem, a sua força que não pode ser detida e o dinamismo dessa comunidade animada pelo Espírito. Se Jesus encontrou oponentes e morreu na cruz, é natural que os apóstolos, fiéis a Jesus e ao seu projeto, se defrontem com a oposição desses mesmos que mataram Jesus. No entanto, os verdadeiros seguidores do projeto de Jesus – animados pelo Espírito – estão mais preocupados com a fidelidade ao “caminho” de Jesus do que às ordens ou interesses dos homens – mesmo que sejam os que mandam no mundo.


Responsório (Sl 29)

— Eu vos exalto, ó Senhor, porque vós me livrastes.

— Eu vos exalto, ó Senhor, porque vós me livrastes.


— Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes,/ e não deixastes rir de mim meus inimigos!/ Vós tirastes minha alma dos abismos/ e me salvastes, quando estava já morrendo!

— Cantai salmos ao Senhor, povo fiel,/ dai-lhe graças e invocai seu santo nome!/ Pois sua ira dura apenas um momento,/ mas sua bondade permanece a vida inteira;/ se à tarde vem o pranto visitar-nos,/ de manhã vem saudar-nos a alegria.

— Escutai-me, Senhor Deus, tende piedade!/ Sede, Senhor, o meu abrigo protetor!/ Transformastes o meu pranto em uma festa,/ Senhor meu Deus, eternamente hei de louvar-vos!


Segunda Leitura (Ap 5, 11-14)

Leitura do Livro do Apocalipse de São João:

Eu, João, vi 11e ouvi a voz de numerosos anjos, que estavam em volta do trono, e dos Seres vivos e dos Anciãos. Eram milhares de milhares, milhões de milhões, 12e proclamavam em alta voz: “O Cordeiro imolado é digno de receber o poder, a riqueza, a sabedoria e a força, a honra, a glória, e o louvor”.

13Ouvi também todas as criaturas que estão no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, e tudo o que neles existe, e diziam: “Ao que está sentado no trono e ao Cordeiro, o louvor e a honra, a glória e o poder para sempre”.

14Os quatro Seres vivos respondiam: “Amém”, e os Anciãos se prostraram em adoração daquele que vive para sempre.


- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

MENSAGEM

A personagem fundamental deste pequeno extracto que nos é proposto como segunda leitura é “o cordeiro”. É um símbolo usado pelo autor do Livro do Apocalipse para falar de Jesus.
O símbolo do “cordeiro” é um símbolo com uma grande densidade teológica, que concentra e evoca três figuras: a do “servo de Jahwéh” – figura de imolação – que, qual manso cordeiro é levado ao matadouro (Is 53,6-7; cf. Jr 11,19; Act 8,26-38); a do “cordeiro pascal” – figura de libertação – cujo sangue foi sinal eficaz de vitória sobre a escravidão (Ex 12,12-13.27;24,8; cf. Jo 1,29; 1 Cor 5,7; 1 Pe 1,18-19); e a do “cordeiro apocalíptico” – figura de poder real – vencedor da morte (esta imagem é característica da literatura apocalíptica, onde aparece um cordeiro vencedor, guia do rebanho, dotado de poder e de autoridade real – cf. 1º livro de Henoc, 89,41-46; 90,6-10.37; Testamento de José, 19,8; Testamento de Benjamim, 3,8; Targum de Jerusalém sobre Ex 1,5). O autor do Apocalipse apresenta, portanto, de uma maneira original e sintética, a plenitude do mistério de imolação, de libertação e de vitória régia, que corresponde a Cristo morto, ressuscitado e glorificado.
O “cordeiro” (Cristo) é entronizado: ele assumiu a realeza e sentou-se no próprio trono de Deus. Aí, recebe todo o poder e glória divina. A entronização régia de Cristo, ponto culminante da aventura divino-humana de Jesus, desencadeia uma verdadeira torrente de louvores: dos viventes, dos anciãos (vers. 5-8) e dos anjos (vers. 11-12). E todas as criaturas (vers. 13), a partir dos lugares mais esconsos da terra, juntam a sua voz ao louvor. O Templo onde ressoam estas incessantes aclamações alargou as suas fronteiras e tem, agora, as dimensões do mundo. É uma liturgia cósmica, na qual a criação inteira celebra o Cristo imolado, ressuscitado, vencedor e faz dele o centro do “cosmos”.


Anúncio do Evangelho (Jo 21,1-19)



— O Senhor esteja convosco.

— Ele está no meio de nós.

— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.

— Glória a vós, Senhor.



Naquele tempo, 1Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição foi assim:2Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos de Jesus.

3Simão Pedro disse a eles: “Eu vou pescar”. Eles disseram: “Também vamos contigo”.

Saíram e entraram na barca, mas não pescaram nada naquela noite. 4Já tinha amanhecido, e Jesus estava de pé na margem. Mas os discípulos não sabiam que era Jesus. 5Então Jesus disse: “Moços, tendes alguma coisa para comer?” Responderam: “Não”.

6Jesus disse-lhes: “Lançai a rede à direita da barca, e achareis”. Lançaram pois a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes. 7Então, o discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: “É o Senhor!” Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu sua roupa, pois estava nu, e atirou-se ao mar. 8Os outros discípulos vieram com a barca, arrastando a rede com os peixes. Na verdade, não estavam longe da terra, mas somente a cerca de cem metros. 9Logo que pisaram a terra, viram brasas acesas, com peixe em cima, e pão.10Jesus disse-lhes: “Trazei alguns dos peixes que apanhastes”.

11Então Simão Pedro subiu ao barco e arrastou a rede para a terra. Estava cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e apesar de tantos peixes, a rede não se rompeu.

12Jesus disse-lhes: “Vinde comer”. Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. 13Jesus aproximou-se, tomou o pão e distribuiu-o por eles. E fez a mesma coisa com o peixe.

14Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos. 15Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?”

Pedro respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. Jesus disse: “Apascenta os meus cordeiros”. 16E disse de novo a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas?” Pedro disse: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. Jesus lhe disse: “Apascenta as minhas ovelhas”. 17Pela terceira vez, perguntou a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas?”

Pedro ficou triste, porque Jesus perguntou três vezes se ele o amava. Respondeu: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo”. Jesus disse-lhe: “Apascenta as minhas ovelhas.

18Em verdade, em verdade te digo: quando eras jovem, tu cingias e ias para onde querias. Quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá e te levará para onde não queres ir”. 19Jesus disse isso, significando com que morte Pedro iria glorificar a Deus. E acrescentou: “Segue-me”.





— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.

MENSAGEM

O texto está claramente dividido em duas partes.
A primeira parte (vers. 1-14) é uma parábola sobre a missão da comunidade. Utiliza a linguagem simbólica e tem carácter de “signo”.
Começa por apresentar os discípulos: são sete. Representam a totalidade (“sete”) da Igreja, empenhada na missão e aberta a todas as nações e a todos os povos.
Esta comunidade é apresentada a pescar: sob a imagem da pesca, os evangelhos sinópticos representam a missão que Jesus confia aos discípulos (cf. Mc 1,17; Mt 4,19; Lc 5,10): libertar todos os homens que vivem mergulhados no mar do sofrimento e da escravidão. Pedro preside à missão: é ele que toma a iniciativa; os outros seguem-no incondicionalmente. Aqui faz-se referência ao lugar proeminente que Pedro ocupava na animação da Igreja primitiva.
A pesca é feita durante a noite. A noite é o tempo das trevas, da escuridão: significa a ausência de Jesus (“enquanto é de dia, temos de trabalhar, realizando as obras daquele que Me enviou: aproxima-se a noite, quando ninguém pode trabalhar; enquanto Eu estou no mundo, sou a luz do mundo” – Jo 9,4-5). O resultado da acção dos discípulos (de noite, sem Jesus) é um fracasso rotundo (“sem Mim, nada podeis fazer” – Jo 15,5).
A chegada da manhã (da luz) coincide com a presença de Jesus (Ele é a luz do mundo). Jesus não está com eles no barco, mas sim em terra: Ele não acompanha os discípulos na pesca; a sua acção no mundo exerce-se por meio dos discípulos.
Concentrados no seu esforço inútil, os discípulos nem reconhecem Jesus quando Ele Se apresenta. O grupo está desorientado e decepcionado pelo fracasso, posto em evidência pela pergunta de Jesus (“tendes alguma coisa de comer?”). Mas Jesus dá-lhes indicações e as redes enchem-se de peixes: o fruto deve-se à docilidade com que os discípulos seguem as indicações de Jesus. Acentua-se que o êxito da missão não se deve ao esforço humano, mas sim à presença viva e à Palavra do Senhor ressuscitado.
O surpreendente resultado da pesca faz com que um discípulo o reconheça. Este discípulo – o discípulo amado – é aquele que está sempre próximo de Jesus, em sintonia com Jesus e que faz, de forma intensa, a experiência do amor de Jesus: só quem faz essa experiência é capaz de ler os sinais que identificam Jesus e perceber a sua presença por detrás da vida que brota da acção da comunidade em missão.
Os pães com que Jesus acolhe os discípulos em terra são um sinal do amor, do serviço, da solicitude de Jesus pela sua comunidade em missão no mundo: deve haver aqui uma alusão à Eucaristia, ao pão que Jesus oferece, à vida com que Ele continua a alimentar a comunidade em missão.
O número dos peixes apanhados na rede (153) é de difícil explicação. É um número triangular, que resulta da soma dos números um a dezassete. O número dezassete não é um número bíblico… Mas o dez e o sete são: ambos simbolizam a plenitude e a universalidade. Outra explicação é dada por S. Jerónimo… Segundo ele, os naturalistas antigos distinguiam 153 espécies de peixes: assim, o número faria alusão à totalidade da humanidade, reunida na mesma Igreja. Em qualquer caso, significa totalidade e universalidade.
Na segunda parte do texto (vers. 15-19), Pedro confessa por três vezes o seu amor a Jesus (durante a paixão, o mesmo discípulo negou Jesus por três vezes, recusando dessa forma “embarcar” com o “mestre” na aventura do amor que se faz dom). Pedro – recordemo-lo – foi o discípulo que, na última ceia, recusou que Jesus lhe lavasse os pés porque, para ele, o Messias devia ser um rei poderoso, dominador, e não um rei de serviço e de dom da vida. Nessa altura, ao raciocinar em termos de superioridade e de autoridade, Pedro mostrou que ainda não percebera que a lei suprema da comunidade de Jesus é o amor total, o amor que se faz serviço e que vai até à entrega da vida. Jesus disse claramente a Pedro que quem tem uma mentalidade de domínio e de autoridade não tem lugar na comunidade cristã (cf. Jo 13,6-9).
A tríplice confissão de amor pedida a Pedro por Jesus corresponde, portanto, a um convite a que ele mude definitivamente a mentalidade. Pedro é convidado a perceber que, na comunidade de Jesus, o valor fundamental é o amor; não existe verdadeira adesão a Jesus, se não se estiver disposto a seguir esse caminho de amor e de entrega da vida que Jesus percorreu. Só assim Pedro poderá “seguir” Jesus (cf. Jo 21,19).
Ao mesmo tempo, Jesus confia a Pedro a missão de presidir à comunidade e de a animar; mas convida-o também a perceber onde é que reside, na comunidade cristã, a verdadeira fonte da autoridade: só quem ama muito e aceita a lógica do serviço e da doação da vida poderá presidir à comunidade de Jesus.

Fonte liturgia Canção Nova
Fonte mensagens http://www.dehonianos.org/

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