sábado, 28 de maio de 2016

9º Domingo Comum - 29/05/2016

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
LITURGIA DIÁRIA

Primeira Leitura (1Rs 8,41-43)



Leitura do Primeiro Livro dos Reis:

Naqueles dias, Salomão rezou no Templo, dizendo: 41“Senhor, pode acontecer que até um estrangeiro que não pertence a teu povo, Israel, 42escute falar de teu grande nome, de tua mão poderosa e do poder de teu braço. Se, por esse motivo, ele vier de uma terra distante, para rezar neste templo, 43Senhor, escuta então do céu onde moras e atende a todos os pedidos desse estrangeiro, para que todos os povos da terra conheçam o teu nome e o respeitem, como faz o teu povo Israel, e para que saibam que o teu nome é invocado neste templo que eu construí”.


- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

MENSAGEM

Este pedaço da oração de Salomão é basicamente um pedido a Deus para que escute a oração que um estrangeiro Lhe dirigir no Templo que se está a dedicar (v. 43a). Antes de mais, este trecho da oração ajuda a esclarecer o significado do Templo para Salomão e para a teologia de Israel: o Templo é o lugar onde se invoca a Deus (v. 41), mas não a morada de Deus que é nos céus (v. 43a).
A este respeito será interessante notar alguns elementos que estão subjacentes a esta formulação. Antes de mais, a oração fornece-nos os motivos que terão levado o estrangeiro a ir rezar ao Templo de Jerusalém: depois de ter ouvido falar dos grandes feitos maravilhosos de Deus em favor do povo de Israel, o estrangeiro sentirá desejo de invocar o Deus de Israel (v. 42).
Poderá estranhar-se que os israelitas em guerra com os povos estrangeiros, com uma configuração patriótica exclusivista, peçam ao Senhor que escute a oração dos estrangeiros. Todavia, pode facilmente identificar-se uma motivação de expansão missionária da religião javista: na medida em que as orações dos estrangeiros forem atendidas no Templo de Jerusalém, o templo e, sobretudo, o Senhor, Deus de Israel, que nele se invoca serão famosos e hão de ser temidos também na terra do estrangeiro (v. 43b).
Note-se, portanto, uma abertura da religião de Israel ao estrangeiro, na medida em que reconhece, por um lado, que este último poderá vir ao Templo de Jerusalém por causa do nome do Senhor, ou seja, por reconhecer a presença do Senhor no Templo (v. 41) e, por outro lado, que o nome do Senhor, Deus de Israel, poderá ser temido, adorado na terra do estrangeiro (v. 43).


Responsório (Sl 116)



— Ide, vós, por este mundo afora/ e proclamai o Evangelho a todos!

— Ide, vós, por este mundo afora/ e proclamai o Evangelho a todos!



— Cantai louvores ao Senhor, todas as gentes,/ povos todos, festejai-o!

—  Pois comprovado é o seu amor para conosco,/ para sempre ele é fiel!


Segunda Leitura (Gl 1,1-2.6-10)



Leitura da Carta de São Paulo aos Gálatas:

1Eu, Paulo, apóstolo — não por iniciativa humana, nem por intermédio de nenhum homem, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai que o ressuscitou dos mortos — 2e todos os irmãos que estão comigo, às Igrejas da Galácia.

6Admiro-me de terdes abandonado tão depressa aquele que vos chamou, na graça de Cristo, e de terdes passado para um outro evangelho. 7Não que haja outro evangelho, mas algumas pessoas vos estão perturbando e querendo mudar o Evangelho de Cristo.

8Pois bem, mesmo que nós ou um anjo vindo do céu vos pregasse um evangelho diferente daquele que vos pregamos, seja excomungado. 9Como já dissemos e agora repito: Se alguém vos pregar um evangelho diferente daquele que recebestes, seja excomungado.

10Será que eu estou buscando a aprovação dos homens ou a aprovação de Deus? Ou estou procurando agradar aos homens? Se eu ainda estivesse preocupado em agradar aos homens, não seria servo de Cristo.


- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

MENSAGEM

Na saudação epistolar (vv. 1-2), além de dar conta dos destinatários da sua carta – “às Igrejas da Galácia” -, Paulo apresenta-se como “apóstolo por mandato de Jesus Cristo e de Deus Pai, que O ressuscitou dos mortos”, rejeitando a possibilidade de uma apostolado meramente humano. Desta forma, Paulo está a antecipar a sua tese exposta em Gal 1,11-12: tal como o seu mandato de apóstolo, também o “seu” Evangelho não é de origem humana, mas divina, de Jesus Cristo, por revelação divina. É, por isso, importante esta caracterização da sua missão de apóstolo que lhe garantirá o caráter inviolável da mensagem do “seu” evangelho. Ainda nesta breve saudação, Paulo demonstra que não está sozinho, mesmo se tem opositores, como se notará no corpo desta carta: de forma inteligente, Paulo apresenta a saudação de todos os irmãos que estão com ele, ou seja, de todos os que aceitam e defendem o carácter inviolável do “seu” Evangelho.
A leitura continua com uma expressão de surpresa de Paulo (v. 6), dirigindo-se aos Gálatas, mas tendo em vista sobretudo aqueles que perturbaram a fé desta comunidade, aqueles “que pretendem mudar o Evangelho de Cristo” (v. 7). Ao falar de um “outro evangelho”, como se fosse possível haver mais que um, o apóstolo deixa claro que há um único Evangelho, o de Cristo, e que corresponde ao conteúdo do seu anúncio e do “seu” Evangelho (v. 7). Vai mais longe e declara anátema – ou seja, fora da comunhão da fé – quem anunciar um evangelho diferente do “seu” (v. 8-9): a Carta deixa de ter assim carácter apologético, de defesa de Paulo, para tomar um carácter de direito divino, tal como o Evangelho de Paulo provém de revelação divina.
O texto termina com perguntas retóricas e uma afirmação de Paulo: demonstra que procura agradar a Deus e não aos homens, o que decorre de ser servo de Cristo (v. 10). O apóstolo demonstra assim o seu carácter irreprovável e a ortodoxia da sua fé e do seu anúncio. Mostrando que é a Deus que procura agradar, Paulo tenta indiretamente agradar aos seus próprios opositores que reprovariam imediatamente alguém que tentasse agradar mais aos homens que a Deus.


Anúncio do Evangelho (Lc 7,1-10)


— O Senhor esteja convosco.

— Ele está no meio de nós.

— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.

— Glória a vós, Senhor.


Naquele tempo, 1Quando acabou de falar ao povo que o escutava, Jesus entrou em Cafarnaum.

2Havia lá um oficial romano, que tinha um empregado a quem estimava muito e que estava doente, à beira da morte. 3O oficial ouviu falar de Jesus e enviou alguns anciãos dos judeus, para pedirem que Jesus viesse salvar seu empregado.

4Chegando onde Jesus estava, pediram-lhe com insistência: “O oficial merece que lhe faças esse favor, 5porque ele estima o nosso povo. Ele até nos construiu uma sinagoga”.

6Então Jesus pôs-se a caminho com eles. Porém, quando já estava perto da casa, o oficial mandou alguns amigos dizerem a Jesus: “Senhor, não te incomodes, pois não sou digno de que entres em minha casa. 7Nem mesmo me achei digno de ir pessoalmente ao teu encontro. Mas ordena com a tua palavra, e o meu empregado ficará curado. 8Eu também estou debaixo de autoridade, mas tenho soldados que obedecem às minhas ordens. Se ordeno a um: ‘Vai!’, ele vai; e a outro: ‘Vem!’, ele vem; e ao meu empregado: ‘Faze isto!’, ele o faz’”.

9Ouvindo isto, Jesus ficou admirado. Virou-se para a multidão que o seguia, e disse: “Eu vos declaro que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé”. 10Os mensageiros voltaram para a casa do oficial e encontraram o empregado em perfeita saúde.


— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.

MENSAGEM

O episódio da cura do servo do centurião romano centra-se no valor da fé deste homem que é um pagão, apesar de se ter mostrado favorável aos judeus e de lhes ter construído a sinagoga, conforme as palavras dos mensageiros judeus em Lc 7,4. É verdade que esta é uma história de uma cura, conforme é dado pela situação inicial em Lc 7,2 – “um servo que estava doente, quase a morrer” – e no resultado final, em Lc 7,10 – “os enviados encontraram o servo de perfeita saúde”. No entanto, o grande objetivo do texto é a exaltação da grande fé de um pagão, a ponto de Jesus reconhecer: “Nem mesmo em Israel encontrei tão grande fé” (Lc 7,9). De facto, grande parte do texto centra-se a contar os procedimentos não da cura, mas da súplica do centurião romano: (1) manda mensageiros judeus e pede que Jesus venha a casa (cf. Lc 7,3); (2) mostra-se a insistência dos mensageiros judeus, exaltando as características deste oficial pagão (cf. Lc 7,4-5); (3) apesar de Jesus ter acedido ao pedido dos primeiros mensageiros, este homem manda novos emissários, a declarar a sua indignidade e falta de mérito para que Jesus venha a sua casa (cf. Lc 7,6-8). Tudo isto resulta na declaração de Jesus sobre a fé deste homem em Lc 7,9.
Esta declaração de Jesus abre a fé aos estrangeiros que, por estatuto, não teriam outro modo para se aproximar do credo de Israel, senão convertendo-se e, consequentemente, abraçando todas as tradições israelitas. Apesar dos merecimentos deste homem, bem evidenciados pelos mensageiros dos anciãos judeus, é bem claro que ele não fazia parte da comunidade judaica oficial.
Mas este episódio de Lucas, sendo uma sucessão de súplicas, conforme já se mostrou, vem de encontro a uma caracterização da oração cristã. Notamos antes de mais que o servo que está doente não vai ao encontro de Jesus, mas é o seu patrão, o centurião, a interessar-se por ele. Por sua vez, o centurião faz-se valer de mensageiros que por ele falam a Jesus. Por outro lado, notamos que os primeiros a abeirar-se de Jesus, os anciãos dos judeus, além da insistência com que suplicam, fazem-se valer dos méritos deste homem no modo de suplicar (cf. Lc 7,5-6: “ele merece”). O texto deixa claro que Jesus não se opõe a este raciocínio, acompanhando-os (cf. Lc 7,7). Mas a admiração de Jesus pela fé do oficial romano (cf. Lc 7,9) vem da mensagem enviada pelos amigos, onde o homem se faz despir de todos os méritos: “Eu não mereço que entres em minha casa, nem me julguei digno de ir ter contigo” (Lc 7,6-7). Mais forte ainda é a súplica cheia de fé e confiança que causa admiração: “Diz uma palavra e o meu servo será curado” (Lc 7,7). Há, por assim dizer, uma progressividade da fé manifestada na oração: este oficial romano dá conta que, para realizar o seu desejo, não fazem falta méritos, nem posses ou subalternos, porque o que conta é a misericórdia de Deus, manifestada em Jesus, que é totalmente gratuita.
Este milagre de Jesus dispensa o toque e mesmo a proximidade física de Jesus. Pelas palavras do centurião, entendemos o valor da palavra de Jesus (cf. Lc 7,7), que se aliará à fé daquele que suplica, independentemente de haver méritos ou não. É bem que se note que já no relato da cura de um paralítico tinha sido a fé a impressionar Jesus e instiga-lo ao milagre (cf. Lc 5,20: “Vendo a fé daquela gente”), se bem que aí Jesus estava próximo do doente a curar. Neste caso, apesar da distância, é a palavra de Jesus, que expressa a sua grande misericórdia em favor dos que estão oprimidos por qualquer tipo de mal; e a misericórdia precisa apenas da fé do orante. A sucessão narrativa, que coloca a notícia da cura miraculosa (cf. Lc 7,10) depois de ter dado conta da admiração de Jesus pela fé do centurião (cf. Lc 7,9), é uma forma implícita de reconhecer o que será reconhecido explicitamente noutras curas, que é a fé a salvar (cf. Lc 17,19).

Fonte Litúrgica Canção Nova
Fonte mensagens http://www.dehonianos.org/

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