Saindo dali, Jesus foi para sua própria terra. Seus discípulos o acompanhavam. No sábado, ele começou a ensinar na sinagoga, e muitos dos que o ouviam se admiravam. “De onde lhe vem isso?”, diziam. “Que sabedoria é esta que lhe foi dada? E esses milagres realizados por suas mãos? Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago, Joset, Judas e Simão? E suas irmãs não estão aqui conosco?”. E mostravam-se chocados com ele. Jesus, então, dizia-lhes: “Um profeta só não é valorizado na sua própria terra, entre os parentes e na própria casa”. E não conseguiu fazer ali nenhum milagre, a não ser impor as mãos a uns poucos doentes. Ele se admirava da incredulidade deles. E percorria os povoados da região, ensinando.
LEITURA ORANTE
ORAÇÃO INICIAL
Liturgia do 14º Domingo do Tempo Comum. No Evangelho de hoje, Jesus se encontra em Nazaré, sua terra e provoca admiração nas pessoas que ouvem seus ensinamentos. Ao mesmo tempo, observa a resistência e a falta de abertura para o acolherem como o enviado do Pai.
1- LEITURA (VERDADE)
O que diz o texto em si? Quem é Jesus segundo a narrativa? Quais questionamentos o povo faz sobre a pessoa de Jesus? Por que Jesus não é valorizado em sua terra, entre seus parentes?
"Esta narrativa de Marcos tem como núcleo a proclamação de Jesus: 'Um profeta só não é valorizado na sua própria terra'. É a sua rejeição pelos frequentadores da sinagoga e por seus familiares. É uma ruptura com as tradicionais estruturas sociorreligiosas de parentesco do judaísmo, que se afirma como povo eleito a partir dos vínculos carnais de consanguinidade, comprovados por genealogias. Já João Batista em sua pregação advertia: 'Produzi fruto de arrependimento e não penseis que basta dizer: Temos por pai Abraão'. Com Jesus a família fica caracterizada pela união em torno do cumprimento da vontade do Pai.
No evangelho de Marcos, esta é a terceira e última vez que Jesus vai a uma sinagoga, cada vez tendo ocorrido um conflito com os chefes religiosos. Jesus exerce seu ministério na Galileia e territórios gentílicos vizinhos, tendo a 'casa' como centro de irradiação da missão.
Percebe-se, bem, como os evangelhos deixam transparecer a dificuldade que os discípulos, e os demais que conviveram com Jesus, tiveram em compreender sua identidade. Quem é Jesus? Durante cerca de trinta anos Jesus viveu com sua família, na Galileia, sem nada excepcional que chamasse a atenção sobre sua pessoa. É o Filho de Deus presente no mundo, em comunicação com as pessoas, certamente de maneira humilde, digna e com amor. É a condição humana, na simplicidade do dia a dia, que é valorizada pelo Pai, o qual, em tudo que nela há de bom, justo e verdadeiro, a assume no seu amor e na sua vida eterna. Após ser batizado por João, Jesus durante cerca de três anos passa a revelar ao mundo este projeto vivificante do Pai. É o Reino de Deus presente entre nós. Ao fazer, com sabedoria, o seu anúncio profético do Reino, seus conterrâneos se admiravam, mas não o valorizaram, pois sempre o conheceram na sua simplicidade de carpinteiro, filho de Maria. Esta reação do povo indica que Jesus não tinha nenhuma origem davídica, pelo que, se fosse o caso, seria exaltado por todos.
O judaísmo tinha uma expectativa messiânica segundo a qual um dia viria um líder que, com carismas especiais, conduziria a nação judaica e a elevaria a um status de glória, riqueza e poder acima das demais nações. Era um ungido (messias, do hebraico; cristo, do grego) à semelhança de Davi, ungido rei, que, segundo a exaltação da tradição, teria criado um glorioso império, o que foi incorporado na memória do povo. Ao longo do ministério de Jesus, os seus discípulos de origem do judaísmo começaram a ver nele este messias poderoso. Esta falta de compreensão foi frequentemente censurada por Jesus.
O crer em Jesus é ver, na sua humildade e em seus atos de amor, a presença de Deus, cumprindo a vontade do Pai de comunicar a vida aos empobrecidos e marginalizados, os quais são assumidos como filhos, em Jesus. O verdadeiro ato de fé é ver Deus, despido de poder, vivendo entre nós, humildemente, na plenitude do amor."(...) (Reflexão de José Raimundo oliva, em A Bíblia dia a dia, Paulinas)
2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)
(...) "a fé cresce quando é vivida como experiência de um amor recebido e é comunicada como experiência de graça e de alegria. A fé torna-nos fecundos, porque alarga o coração com a esperança e permite oferecer um testemunho que é capaz de gerar: de fato, abre o coração e a mente dos ouvintes para acolherem o convite do Senhor a aderir à sua Palavra a fim de se tornarem seus discípulos.(...) Por conseguinte, só acreditando é que a fé cresce e se revigora; não há outra possibilidade de adquirir certeza sobre a própria vida, senão abandonar-se progressivamente nas mãos de um amor que se experimenta cada vez maior porque tem a sua origem em Deus."(Bento XVI, Porta Fidei, nº7)
3- ORAÇÃO (VIDA)
"Senhor Jesus, tu és o Caminho. Em meio a sombras e luzes, alegrias e esperanças, tristezas e angustias, Tu nos levas ao Pai. Não nos deixes caminhar sozinhos. Fica conosco, Senhor!
Tu és as Verdade. Desperta nossas mentes e faze arder nossos corações sedentos de justiça e santidade. Ajuda-nos a sentir a beleza de crer em Ti. Fica conosco, Senhor!
Tu és a Vida. Abre nossos olhos para Te reconhecermos no 'partir o Pão'. Sublime sacramento da Eucaristia. Alimenta-nos com o Pão da Unidade. Sustenta-nos em nossos sofrimentos, faze-nos solidários com os pobres, os oprimidos e excluídos. Fica conosco, Senhor!
Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, no vigor do Espírito Santo, faze-nos teus discípulos missionários. Com a humilde serva do Senhor, nossa Mãe Aparecida, queremos ser alegres no Caminho para a Terra Prometida. Corajosos testemunhas da Verdade libertadora. Promotores da vida em plenitude. Fica conosco, Senhor! Amém".(Oração composta pela Arquidiocese de Brasília)
4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)
Com a Palavra de Deus na mente e no coração, qual atitude me proponho a viver no dia de hoje?
BÊNÇÃO
- Que Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Que Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Que volte para nós o seu olhar e nos dê a paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.
...............
Créditos:
Referências bíblicas: Bíblia Sagrada, tradução da CNBB, 2ª ed., 2002 e também para a numeração dos Salmos.
Comentário: Pe. Carlos Alberto Contieri, sj, publicado em A Bíblia dia a dia 2015, Paulinas.
Leitura orante: Equipe de redação Paulinas Internet.
COMENTÁRIOS
Apesar da incredulidade, Jesus leva adiante a sua missão
O texto não o diz explicitamente, mas, certamente, é para Nazaré que Jesus foi. Jesus é um judeu praticante, piedoso. É o que o evangelho nos dá a entender, quando diz que num dia de sábado ele foi à sinagoga para escutar a Palavra de Deus, meditá-la, ouvir comentários sobre os textos e, por vezes, ele mesmo, comentá-la. O que propriamente Jesus ensinava, Marcos não nos diz. Não somos informados do conteúdo, porque o interesse maior, nesse episódio, está centrado na reação dos ouvintes. O certo é que o seu ensinamento causava admiração nas pessoas, porque certamente fazia sentido e porque ele ensinava como quem tem autoridade (cf. Mc 1,21-22.27). Não obstante a admiração, vêm a resistência, a dúvida, a incredulidade. “Ele (Jesus) se admirava da incredulidade deles” (v. 6). Se a fé, em certo sentido, é confiança, abertura de coração que permite reconhecer a presença e ação de Deus, a incredulidade é fechamento, impede de ver além das aparências, ou melhor, impede de reconhecer nas palavras e gestos de Jesus os sinais que remetem a Deus, e impede de receber o dom. “De onde lhe vem isso?”; “Que sabedoria é esta que lhe foi dada?” (v. 2). De onde vem a falta de fé? Em primeiro lugar, da estreiteza de visão de que alguém do convívio deles, como eles, pudesse ter tal sabedoria e realizar tais atos de poder, como Jesus o fazia. “Não é ele o carpinteiro”; “Suas irmãs não estão aqui conosco?” (v. 3). Em segundo lugar, do fechamento à surpresa de Deus, o qual impede ultrapassar fronteiras e reconhecer nas palavras e gestos de Jesus os sinais que remetem à vida de Deus que o habita. É por essa incredulidade que Jesus não pode fazer nada ali. Se os concidadãos de Jesus se perguntam sobre a identidade dele, eles nada respondem. A falta de humildade cega. Apesar da incredulidade dos de sua própria pátria, Jesus leva adiante a sua missão. O texto conclui afirmando que Jesus percorria os povoados da região, ensinando. Jesus é um Messias itinerante, está sempre a caminho. Não há quem Jesus não acolha, a todos ouve e socorre em suas aflições.
Pe. Carlos Alberto Contieri, sj
Conteúdo publicado em Comece o Dia Feliz. http://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=evangelho&action=busca_result&data=05%2F07%2F2015#ixzz3eyfhox2g
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