Ele chamou os Doze, começou a enviá-los dois a dois e deu-lhes poder sobre os espíritos impuros. Mandou que não levassem nada pelo caminho, a não ser um cajado; nem pão, nem sacola, nem dinheiro à cintura, mas que calçassem sandálias e não usassem duas túnicas. Dizia-lhes ainda: “Quando entrardes numa casa, permanecei ali até a vossa partida. Se em algum lugar não vos receberem, nem vos escutarem, saí de lá e sacudi a poeira dos vossos pés, para que sirva de testemunho contra eles”. Eles então saíram para proclamar que o povo se convertesse. Expulsavam muitos demônios, ungiam com óleo numerosos doentes e os curavam.
LEITURA ORANTE
ORAÇÃO INICIAL
Liturgia do 15º Domingo do Tempo Comum. O Evangelho nos apresenta as orientações dadas aos discípulos enviados por Jesus: curai os doentes, levai somente um bastão e uma única túnica... Como discípulos missionários, acolhamos também em nosso dia as recomendações do Senhor.
Rezemos: Senhor Jesus Cristo, envia sobre nós, como prometeste, teu Espírito Santo. Que ele nos conceda a vida e nos ensine a plenitude da verdade. Que nele encontremos a salvação, felicidade e plenitude de amor. Amém.
1- LEITURA (VERDADE)
O que diz o texto em si? A quem Jesus está instruindo? Qual é o seu ensinamento? Qual é a missão confiada aos Doze? Quais são as recomendações dadas aos discípulos? Qual é a atitude pedida aos que se colocam no seguimento de Jesus?
"A narrativa do envio dos Doze encontra-se nos três evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), com algumas variantes peculiares a cada evangelista. Marcos já registrara que Jesus constituíra os Doze para que ficassem com ele, para enviá-los a pregar (Mc 3,14). Depois de um tempo de convívio, conhecimento e experiência comum de vida, Jesus, agora, os envia integrando-os em sua própria missão. Marcos destaca que os discípulos foram enviados dois a dois. O chamado dos discípulos, no início do ministério de Jesus, também fora de dois em dois. Na missão prevalece a dimensão da parceria, do diálogo e da solidariedade, na corresponsabilidade, sem disputas de liderança.
Marcos não mostra um maior interesse quanto ao desenvolvimento e sucesso da missão a que os Doze foram enviados, dedicando a isto apenas alguns versículos (6,12s.30). Ele consagra seu texto às instruções de Jesus. O seu interesse maior é destacar a metodologia a ser assumida, que serve de paradigma para as comunidades em continuidade à missão de Jesus e de seus discípulos. O despojamento proposto é essencial à missão. A pobreza deve ser assumida, não como ostentação de virtude, mas como abandono real nas mãos de Deus, confiantes na bondade e na hospitalidade daqueles que encontrarem pelo caminho. O que for necessário para a caminhada deve ser levado pelos discípulos, por exemplo, as sandálias e o cajado (em Mateus eles estão proibidos, e Lucas os omite). A casa é a base da missão. Aquelas em que os discípulos forem recebidos podem ser novos centros de missão, formando uma rede missionária.(...)
Na carta aos Efésios (segunda leitura), que na tradição cristã havia sido atribuída a Paulo, é destacada a redenção operada por Cristo, na perspectiva sacrifical característica das comunidades primitivas vinculadas a Jerusalém. Porém, na perspectiva da simplicidade da encarnação, já se tem a revelação do imenso amor de Deus, Pai e Mãe. Pela vida de Jesus de Nazaré, Filho de Deus e filho de Maria, em seus anos de convívio amoroso com seus discípulos e as multidões, Deus revelou a sua escolha a todos os homens e mulheres para participarem de sua Vida divina e eterna, na prática do amor, seguindo o caminho de Jesus." (Reflexão de José Raimundo Oliva, em A Bíblia dia a dia, Paulinas).
2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)
O que diz o texto para mim, hoje? Qual palavra mais chamou a minha atenção? Qual é o convite que o Senhor dirige a mim? Acolho a missão confiada por Jesus aos discípulos como missão confiada também a mim? Por que Jesus pede o despojamento? Por que o mensageiro de Deus deve ser instrumento de paz?
3- ORAÇÃO (VIDA)
A Maria, Mãe da Igreja e Mãe da nossa fé, nos dirigimos rezando-Lhe: Ajudai, ó Mãe, a nossa fé. Abri o nosso ouvido à Palavra, para reconhecermos a voz de Deus e o seu chamado. Despertai em nós o desejo de seguir os seus passos, saindo da nossa terra e acolhendo a sua promessa. Ajudai-nos a deixar-nos tocar pelo seu amor, para podermos tocá-Lo com a fé. Ajudai-nos a confiar-nos plenamente a Ele, a crer no seu amor, sobretudo nos momentos de tribulação e cruz, quando a nossa fé é chamada a amadurecer. Semeai, na nossa fé, a alegria do Ressuscitado. Recordai-nos que quem crê nunca está sozinho. Ensinai-nos a ver com os olhos de Jesus, para que Ele seja luz no nosso caminho. E que esta luz da fé cresça sempre em nós até chegar aquele dia sem ocaso que é o próprio Cristo, vosso Filho, nosso Senhor. Amém. (Papa Francisco)
4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)
Qual é a aplicação da Palavra em minha vida? O que me proponho a viver? Como vou atingir este propósito?
BÊNÇÃO
- Que Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Que Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Que volte para nós o seu olhar e nos dê a paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.
...............
Créditos:
Referências bíblicas: Bíblia Sagrada, tradução da CNBB, 2ª ed., 2002 e também para a numeração dos Salmos.
Comentário: Pe. Carlos Alberto Contieri, sj, publicado em A Bíblia dia a dia 2015, Paulinas.
Leitura orante: Equipe de redação Paulinas Internet.
COMENTÁRIOS
A disponibilidade para a missão
O tema central da liturgia deste domingo é a missão. No evangelho, Jesus, pela primeira vez, envia os Doze em missão; o trecho do livro de Amós fala da resistência que o profeta enfrenta no seu ministério junto ao santuário de Betel. Quando do chamado dos Doze sobre o monte (Mc 3,13-19), o autor do evangelho já informou ao ouvinte e ao leitor que a vocação dos discípulos tem duplo aspecto: união a Jesus e disponibilidade para serem enviados em missão. O texto do evangelho de hoje é o relato do envio em missão dos Doze. A iniciativa de enviá-los é de Jesus. Em todo o Antigo Testamento não encontramos episódio comparável a este. Não há nenhuma notícia de que, por exemplo, um profeta tenha escolhido um grupo de discípulos para enviá-los em missão. A pregação deles, como a de Jesus (cf. Mc 1,15) e a de João Batista (cf. Mc 1,4), é um apelo à conversão. Há uma longa tradição bíblica que perpassa, de algum modo, todos os textos da Escritura que interpelam o povo a uma profunda e verdadeira conversão, condição para viver fielmente a Aliança e reconhecer o tempo da visita salvífica de Deus em Jesus Cristo. Sem conversão, sem um coração aberto, não é possível receber como Boa-Notícia a mensagem do evangelho, tampouco os frutos da graça que Deus nos concede por meio de Jesus Cristo. O poder que eles recebem é o poder do Senhor (cf. Mc 1,21-28); poder de fazer o bem, de amar as pessoas que irão encontrar pelo caminho. Nas recomendações para a missão estão as exigências que associam os discípulos a Jesus e os identificam com ele: para a missão devem levar somente o estritamente necessário para não impedir a mobilidade e a disponibilidade: cajado e sandálias, instrumentos de viagem
(cf. Ex 12,11); é necessário desapego, pois a confiança não pode estar nos meios, mas no próprio Senhor que os envia. O desapego total é fundamental, pois uma pessoa apegada aos próprios interesses não pode ser testemunha e mensageira do amor de Deus. Dito de outra maneira, as pessoas devem ver realizado nos discípulos o que eles anunciam. O relato tem um forte apelo eclesial: a missão da Igreja está fundamentada num mandato do Senhor. A missão não é feita somente de êxitos; é preciso contar com o fracasso e a rejeição. Desde a época profética, os mensageiros de Deus não eram bem acolhidos, como foi o caso de Amós, no santuário de Betel. Seja como for, a alegria, a confiança em Deus, o amor às pessoas devem sustentar a vida do missionário.
Pe. Carlos Alberto Contieri, sj
Conteúdo publicado em Comece o Dia Feliz. http://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=evangelho&id=5283#ixzz3fgxWqoAR
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