quarta-feira, 11 de março de 2015

EVANGELHO DO DIA - ANO B - DIA 08/03 - O zelo pela casa do Pai - Jo 2, 13-25



Estava próxima a Páscoa dos judeus; Jesus, então, subiu a Jerusalém. No templo, encontrou os que vendiam bois, ovelhas e pombas, e os cambistas nas suas bancas. Então fez um chicote com cordas e a todos expulsou do templo, juntamente com os bois e as ovelhas; jogou no chão o dinheiro dos cambistas e derrubou suas bancas, e aos vendedores de pombas disse: “Tirai daqui essas coisas. Não façais da casa de meu Pai um mercado!”. Os discípulos se recordaram do que está na Escritura: “O zelo por tua casa me há de devorar.” Então os judeus perguntaram a Jesus: “Que sinal nos mostras para agires assim?”. Jesus respondeu: “Destruí este templo, e em três dias eu o reerguerei”. Os judeus, então, disseram: “Trabalharam durante quarenta e seis anos para erguer este templo, e tu serias capaz de erguê-lo em três dias?”. Ora, ele falava isso a respeito do templo que é seu corpo. Depois que Jesus fora reerguido dos mortos, os discípulos se recordaram de que ele tinha dito isso, e creram na Escritura e na palavra que Jesus falou. Estando em Jerusalém, na festa da Páscoa, muitos creram no seu nome, vendo os sinais que realizava. Jesus, no entanto, não lhes dava crédito, porque conhecia a todos e não precisava de ser informado a respeito do ser humano. Ele bem sabia o que havia dentro do homem.
LEITURA ORANTE
ORAÇÃO INICIAL

Neste terceiro domingo da quaresma, tempo em que a liturgia nos convida à conversão, reconciliação, vivência fraterna e retorno para Deus, mais uma vez queremos acolher a Palavra.
Peçamos as luzes do Espírito Santo para compreendermos o mistério da vida de Cristo revelado na Palavra de Deus: Senhor Jesus, dá-me um coração simples para compreender a riqueza de ensinamentos escondida em tua Palavra. Envia teu Espírito Santo para que eu não tenha medo de escutá-la e vivê-la conforme a tua vontade. Que a Palavra transforme o meu coração através da fé e confiança que eu deposito em ti. Amém.
1- LEITURA (VERDADE)

Leia o texto pausadamente e procure imaginar a narrativa. Quem são os personagens? Qual é atitude de Jesus? Qual é a importância do templo para o povo?
Sabemos que todos os anos, por ocasião das festas, os peregrinos subiam a Jerusalém. Todo judeu piedoso deveria ir ao templo pelo menos uma vez na vida. O templo era o lugar de louvores, purificação e perdão, a presença de Deus junto ao seu povo. Ao mesmo tempo, esse lugar de oração era também lugar da arrecadação dos tributos e dízimos, abrigava o supremo tribunal e o palácio do governo. Os ritos de purificação e de expiação diários, favoreciam um grande comércio, de modo que na entrada do templo encontravam-se muitos comerciantes de animais e cambistas. Ou seja, o elemento religioso e a exploração dividiam o mesmo espaço.
A atitude de Jesus de expulsar vendedores e seus animais, espalhar o dinheiro dos cambistas e pedir para os vendedores de pombas se retirarem foi uma crítica ao sistema de exploração religiosa que estava sendo realizado no templo.
2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)

O que o texto diz para mim? Como compreendo os ensinamentos de Jesus? Algumas palavras do autor Valter Goedert, em seu livro Convertei-vos e crede no Evangelho, nos ajudam a compreender melhor o Evangelho de hoje aplicado à nossa vida: "Jesus é a casa do Pai, a imagem do Deus invisível (cf. Cl 1,15). É templo de Deus vivo, do qual o Templo de Jerusalém e todos os demais templos são figura (cf. Jo 2,19). Profanar a figura é desmerecer a realidade. Não podemos fazer deste templo motivo de interesses próprios, busca de vantagens materiais e pessoais (cf. Jo 2,16). Jesus nos conhece por dentro, mais do que nós próprios nos conhecemos (cf. Jo 2,25). Somente nos conheceremos em profundidade quando entrarmos em seu mistério. Se formos conhecidos por Deus, sua sabedoria nos conduzirá: 'Senhor, tu me examinas e me conheces. Sabes quando me sento e quando me levanto. Penetras de longe meus pensamentos, distingues meu caminho e meu descanso, sabes todas as minhas trilhas' (cf. Sl 139, 1-3)".
3- ORAÇÃO (VIDA)

Ofereça ao Senhor os frutos da sua oração, da sua meditação e contemplação da Palavra. Apresente o desejo que brotou em seu coração e peça a graça de vivê-lo durante o dia. Faça sua prece de agradecimento ou pedido.
Conclua com a oração da Campanha da Fraternidade: Ó Pai, alegria e esperança de vosso povo, vós conduzis a Igreja, servidora da vida, nos caminhos da história. A exemplo de Jesus Cristo e ouvindo sua palavra que chama à conversão, seja vossa Igreja testemunha viva de fraternidade e de liberdade, de justiça e de paz. Enviai o vosso Espírito da verdade para que a sociedade se abra à aurora de um mundo justo e solidário, sinal do reino que há de vir. Por Cristo Senhor nosso. Amém.
4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)

Qual é a aplicação da Palavra em minha vida? O que me proponho a viver? Como vou atingir este propósito?
BÊNÇÃO

- Que Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Que Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Que volte para nós o seu olhar. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.

Ir. Angela Klidzio, fsp

 
COMENTÁRIOS
Jesus é o lugar em que Deus habita

O decálogo que temos na primeira leitura, no Pentateuco, vem depois dos relatos da criação e da libertação do povo de Deus do Egito. Isso significa que o decálogo está a serviço da vida e da liberdade, e é exatamente isso que o Decálogo visa colocar na vida de quem o pratica. Com as nuances próprias a cada evangelista, o episódio da purificação do Templo encontra-se também nos evangelhos sinóticos (Mt 21,12-13; Mc 11,11.15-17; Lc 9,45-46). Era escandaloso o que acontecia no Templo, de modo especial nas grandes festas judaicas e, sobretudo, na Páscoa. Os sumos sacerdotes e toda a aristocracia ligada ao Templo se aproveitavam das festas religiosas para intensificar o comércio e, consequentemente, o câmbio de moedas. Aproveitavam-se da obrigatoriedade que todo judeu piedoso tinha de oferecer sacrifícios e das longas distâncias que os peregrinos percorriam para chegarem a Jerusalém, a fim de comercializarem todo tipo de animais prescritos pela Lei para serem oferecidos em sacrifício. Além disso, a moeda para a compra tinha de ser pura, isto é, não podia conter nenhuma efígie ou inscrição que pudesse denotar idolatria. Daí a necessidade de os compradores terem de trocar suas moedas pela moeda “pura” do Templo de Jerusalém, inclusive para fazerem as ofertas voluntárias depositadas nos cofres (cf. Lc 21,1-4). A cena é dramática: com um chicote, Jesus expulsa do Templo comerciantes e cambistas. A razão da atitude de Jesus, sentida como violenta pelos judeus, é dada pela evocação de uma passagem do Profeta Zacarias: “... Já não haverá mercadores no Templo do Senhor dos exércitos” (Zc 14,21), e pela recordação dos discípulos que encontram no Sl 69,10 uma justificativa para o que Jesus fez. A pergunta dos judeus a Jesus é pelo significado do gesto. Ao que Jesus responde que o templo construído por mãos humanas será destruído e passará, revelando um novo lugar da habitação de Deus. Em Jesus aprouve a Deus habitar com a plenitude de sua graça (cf. Jo 1,14). Jesus é o verdadeiro Templo, o lugar em que Deus habita; onde Ele é encontrado e se deixa encontrar. Ele é que será destruído, na morte violenta numa cruz, mas reerguido pelo poder de Deus, com sua gloriosa ressurreição. O anúncio da destruição do Templo de Jerusalém é anúncio, igualmente, da abolição dos sacrifícios antigos, pois eles não podiam salvar os homens de seus pecados; somente o Cristo que ofereceu o sacrifício de sua vida de uma vez por todas e entrou no santuário eterno é que salva a toda a humanidade (cf. Hb 9,1-14; 10,11-18). Na morte de Cristo na cruz, o véu do santuário se rasga de cima a baixo. Esse é o anúncio da destruição do Templo. O verdadeiro santuário é o corpo de Jesus que foi destruído, mas Deus, no seu imenso amor, transformou esse fato injusto em ocasião de vitória sobre o mal e a morte.
Pe. Carlos Alberto Contieri
Fonte Paulinas

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